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sexta-feira, 24 de abril de 2009

Bodas chegando

De mudança para iniciar uma nova etapa da minha vida... Por isso estou sem tempo de postar... Mas prometo que assim que regularizar minha situação torno a postar, enquanto isso divirtam-se com os textos que tenho a oferecer para o entretenimento dos leitores.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato IV: O cantar da Cotovia- parte 3

foto: a despedida

Romeu chega acompanhado de Baltazar e antes que pulasse o muro, o criado fez-lhe algumas admoestações.
— Senhor, irei à vossa casa para trazer-vos o cavalo e um manto, para que possas vosso rosto ocultar, quando daqui saíres.
— Obrigado, meu fiel companheiro.
— E prudência, como vos recomendou o frade amigo. Creio não ficares afastado tanto tempo. O príncipe será clemente...— sorri Baltazar confiante.
Romeu dá-lhe uns tapinhas suaves no rosto e sobe.
— Boa sorte, senhor — deseja o criado.
A ama já o aguardava na sacada com as cordas a postos, enquanto a menina torcia as mãos inquietas.
— Será que ele virá?
— Claro, minha filha! Romeu não tardará...
— Meus pais já se recolheram?
— Sim! Eu mesma cuidei disso! Só alguns criados estão preparando o corpo de Teobaldo. Deus ampare as almas cristãs... — fala ela benzendo-se.
Julieta estremece com a lembrança do primo morto. Ela nem teve coragem de ir vê-lo.
— Não foi difícil convencer vossos parentes a deitarem-se cedo, pois amanhã será um dia fastidioso... Oh! Ei-lo! Romeu chegou! — anuncia ela.
Julieta corre à sacada
— Romeu... — fala a ele feliz.
A ama estende as cordas e Romeu sobe rápido. Ambos se abraçam e consolam-se mutuamente e a ama sai do quarto, para deixá-los a sós e esconder-se para vigiar. A qualquer sinal de anormalidade, ela bateria para avisá-los.
— Oh, Julieta! Eu não queria matá-lo... perdoa-me...
— Shhhh! Eu sei, querido, eu sei... Pelo menos estás vivo, embora tenha custado a vida de meu primo. Eu não suportaria sabê-lo morto, seria o fim para mim... Oh, Romeu! Abrace-me e esqueçamos as desventuras deste dia. Vem e que desta noite, só cultivemos alegria...
Eles se beijam e Julieta o conduz ao leito. Passaram juntos a noite, como marido e mulher, e esqueceram-se do mundo e dos dissabores. Por sorte, nada conseguira atrapalhá-los e a fiel ama, permanecia de vigília.
Romeu consolou-a o máximo que pôde e deixou-se também consolar, renovando mais uma vez, os votos de seus amores.
— Irei para Mântua e lá vou preparar um lugar para nós dois. Meu pai não irá deixar-me desamparado e assim que estabilizar-me, voltarei às ocultas para buscar-te — promete ele.
— Oh, meu esposo querido! Que seja feito tão logo como o dizes! Quanto a mim, guardar-me-ei fiel a ti...
Beijam-se outra vez e permaneceram na doce companhia um do outro, até adormecerem, vencidos pelo cansaço.
Baltazar já havia providenciado tudo e quando a madrugada já ia adiantada, postou-se de guarda sob o muro capuleto, para esperar o amo e conduzi-lo em segurança para o exílio.
Quando começava a raiar o dia, Romeu acorda com o cantar da cotovia. Ao sentir que ele se levantava, Julieta também desperta...
— Já vais partir? O dia ainda está longe. Foi apenas um rouxinol... todas as noites ele canta nos galhos da romeira... — fala ainda sonolenta.
— É a cotovia, o arauto da manhã, não foi o rouxinol. As candeias da noite se apagaram e o alegre dia se ergue sobre a ponta dos pés... Ou parto, e vivo, ou morrerei, ficando.
— Não é do sol a claridade, mas da lua que a claridade do sol exala, para que te sirva de tocheiro esta noite e te ilumine no caminho de Mântua. Assim, espera, não precisas partir tão cedo, fica ainda mais um cadinho comigo — pede ela suplicante.
Romeu volta para a cama e deita-se, abraçando-a e beijando-a em seguida.
— Ficar para mim é grande ventura; partir é dor. Oh, que importa? Que me prendam, que me matem! Serei feliz assim, se assim o quiseres... — beija-a de novo. — Direi que ainda não é o olho do dia que, indiscreto, devassa o leito do Amor, apenas o reflexo da alta Diana e que não foi a cotovia que cantou. Vem logo, morte dura! Julieta assim deseja! Não, não é dia...
Ambos continuaram a se abraçar e beijar. Julieta ri com as carícias de Romeu, porém, de repente e já desperta, exclama assustada, reconhecendo o tom insistente do pássaro que cantava.
Oh, não! Era a cotovia! É ela sim! É dia! Foge!!!
Ela se levanta correndo, veste-se às pressas e pega as roupas de Romeu.
É a maldita, que canta desafinada e rouca! Dizem que seu cantar é fonte de harmonia, mas para mim só ouço discordâncias, pois ora nos divide, obrigando-o a partir — chora ela, ajudando-o a vestir-se. — Romeu, depressa! A noite se abrevia e a luz aumenta a cada instante...
— Para mim, a luz é a escuridão apavorante! — fala ele vestindo-se.
A ama bate à porta.
Julieta, já está amanhecendo! Romeu tem que partir!
Oh, vai! — fala ela empurrando-o à sacada.
— Adeus! Adeus! Um beijo e desço logo!
—Pela janela entra o dia e para mim foge a vida! Meu senhor! — fala chorando. — Notícias tuas quero ter todas as horas...
—Não deixarei passar um só momento, sem contar-vos do meu tormento — promete ele acariciando-a e enxugando as lágrimas que caíam copiosas, no que ele também chorou. Pousou um beijo respeitoso na testa da esposa e desceu.
Romeu! Pensas que ainda nos veremos?
Não o duvides, querida! Todas estas horas nos servirão ainda, unicamente, para mais doces transformar nossos momentos.
Oh, Deus do céu! Um coração tenho agourento! Vendo-te assim tão longe, parece que estás sem vida, dentro de um sepulcro! Vejo mal, ou estás de fato pálido?
Podes crer-me, querida, de igual modo tu me pareces. Mas é a aflição sedenta que nos bebe todo o sangue, nada mais! Adeus!
Romeu infiltra-se entre os arbustos e sai, deixando Julieta a chorar sua partida.
— Por Deus, senhor! Demoraste! — reclama Baltazar. — Já estava aflito!
— Dê-me o manto e partamos!
— Espero que nenhum guarda nos surpreenda... — fala o criado preocupado.




continua...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato IV: O cantar da Cotovia- parte 2

foto: a despedida dos amores filme de 68
— Droga! Quem és? Que desejais? Vem da parte de quem? — interroga Frei Lourenço.
— Sou eu, Filippa — responde a voz. — É minha jovem senhora que me mandou aqui. Estou vindo da parte de Julieta!
O frade solta um suspiro de alívio e abre a porta.
— Oh, boa dama! Bem-vinda sois, então! — cumprimenta-a.
Ela beija-lhe a mão devotadamente...
— Oh, bom frade! Onde está o senhor de minha ama?
— Ali no chão, abatido por suas lágrimas — fala ele desanimado.
— Senhor! Oh, meu senhor! Coragem! Levanta-te! — a ama tenta animá-lo.
Ama?!! Oh, ama!
Romeu se joga aos pés de Filippa.
Oh, não! Não faça isso, vamos! Por amor de Julieta, seja forte!
— Diga-me: como ela está? Não me julga assassino inveterado? Fala, cara ama! Que diz minha secreta esposa, de nosso amor destroçado?
— Ela não diz nada... —a ama começa a chorar. — Apenas chora, chora sem parar. Ora chama por Teobaldo, ora grita por Romeu...
— Como se esse nome a matasse! A FORCA PARA A MINHA VIDA!!! VOU AO PRÍNCIPE ENTREGAR-ME!
Amo, não!
ESTÁS LOUCO!!!
Frei Lourenço e Baltazar o seguram, impedindo que ele saísse.
DEIXEM-ME!!! Direi ao príncipe para que me enforque, pois de Verona eu não saio! — exclama ele irritado e tentando desvencilhar-se.
Colocando uma força descomunal, que Frei Lourenço até desconhecia possuir, joga-o violentamente no chão, no que Romeu ficou assustado. E não parou por aí: Frei Lourenço pôs-se a sacudi-lo com violência, como se desejasse libertá-lo daqueles arroubos desesperados.
DETÉM ESTA DESTEMPERADA RESOLUÇÃO! ACASO ÉS HOMEM?! TUA POSTURA O AFIRMA, MAS AS LÁGRIMAS SÃO DE MULHER, MOSTRANDO ESTES TEUS ATOS IMPENSADOS O FUROR SELVAGEM DOS PRÓPRIOS ANIMAIS!!! Ó, deformada mulher, sobre a aparência de um mancebo... PASMO ESTOU! Pela minha Ordem Sagrada: sempre fiz outro juízo de teu temperamento! NÃO MATASTE TEOBALDO? AGORA QUERES PÔR FIM Á TUA VIDA E ASSIM, MATAR A TUA PRÓPRIA ESPOSA, QUE DE TUA VIDA VIVE, REVERTENDO CONTRA TI PRÓPRIO, ESTE ÓDIO AMALDIÇOADO?! VAMOS HOMEM!!!! LEVANTA-TE! Tua JULIETA está viva, por quem te achas quase no ponto de morrer! Estás com sorte, pois Teobaldo quis matar-te e morte deste-lhe! A lei se mostra tua amiga, a pena-de-morte atenuada para exílio... OUTRA VENTURA! Sobre o dorso um fardo de bênçãos te caiu. Com seus mais ricos atavios te vem fazendo a côrte sempre a felicidade! Vamos! Levanta-te colosso e vai ter com tua esposa!
— Sim, meu senhor. Foi por isso que vim. Julieta manda dizer, que em nada mudara o seu sentimento para convosco. Ela o ama!
As palavras da ama caíram como um bálsamo no coração angustiado de Romeu.
— Ouve-me... — fala o frade. — escala o quarto e leva-lhe conforto. Tem cautela, porém; não te demores até que venham iniciar a guarda e então, partas para Mântua, onde ficarás hospedado na casa do meu irmão, até que achemos o momento oportuno de anunciar-vos as bodas, o perdão e a clemência do príncipe alcançar e retornando tu, com cem mil vezes alegrias, do que tinhas de dores ao partires! Ama, vai na frente que Romeu irá em breve.
— Sim, bom frade, agora mesmo!
— Recomenda-me à senhorita e cuide para que todos se recolham mais cedo, devido aos cruéis eventos.
A ama beija a mão de Frei Lourenço e sai apressada.
Romeu estava mais calmo agora, embora ainda triste, mas com as esperanças renovadas.
— Como isto o coração me fortalece! — desabafa ele.
— Ao saíres de lá, parta imediatamente em companhia de Baltazar e ficai em Mântua, que notícias de Julieta, mediante vosso criado, terás a todos os instantes. Ele vos há de, com freqüência, levar as boas novas do que se for passando em nosso meio.
Romeu beija-lhe às mãos em agradecimento.
— Agora vá! Há pressa! Adeus...
—Adeus, meu confessor e amigo e perdoai-me por tudo.
— Sim! Sim!
— Se não fosse a dita me levar daqui, sentiria dor ao me afastar de ti. Adeus!

continua...

terça-feira, 7 de abril de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato IV: O cantar da Cotovia- parte 1

foto: o perdão de Julieta
Após o julgamento, Benvólio e Baltazar foram aonde estava Romeu. Este havia pedido abrigo na cela de Frei Lourenço. Quando ambos chegaram lá, deram-lhe a notícia.

B-Banido?!!! Isto é pior que a morte! — desespera-se ele. — Vida não há fora dos muros de Verona... Não vou sair daqui... Não posso!
És louco?! Podias estar sendo levado ao cadafalso, agora! Devias ser grato! — reclama Benvólio. — Deves partir imediatamente!
Frei Lourenço tratou logo de cortar a conversa, antes que Romeu falasse demais.
— Eu cuidarei disso e prometo que vou convencê-lo a partir, Benvólio.
— Oh sim, santo homem, coloque um pouco de juízo na cabeça deste tolo! Convença-o a cumprir a ordem dada, para que ele preserve a vida.
— Vá tranqüilo, Benvólio, e quanto a ti Baltazar, fique, pois quando Romeu decidir partir terás de acompanhar teu senhor, até deixá-lo em segurança.
Benvólio sai e no mesmo instante que ele saía da cela de Frei Lourenço, a ama chega à casa de Julieta e conta-lhe tudo. Seus pais não estavam em casa, uma vez que estavam cuidando do enterro de Teobaldo.
Banido?!!! — assusta-se Julieta.
— Sim, esta foi a sentença do príncipe. Romeu deve partir de Verona e jamais retornar, pois será enforcado se o fizer.
NÃO! NÃO PODEM AFASTAR O MEU AMOR!!! OH, DEUS! DEUS! Esta palavra fere mais que a morte... — chora a menina soluçando sentida. — Esse “banido”, matou dez mil Teobaldos! Essa morte do meu primo já seria o bastante se terminasse aí! Romeu banido! Mais sentidas minhas lágrimas correrão neste momento, por chorar do Amor o banimento! Não há limite, medida, fim, para descrever o que sinto agora! Oh, cordas! Mal-fadadas cordas! — fala Julieta pegando a escada de cordas que estava sobre sua cama. — Porque Romeu contava com vosso auxílio para chegar até aqui e no entanto, partiu para o exílio!
— Não, querida! Ele ainda não partiu!
A ama a abraça para consolá-la.
— Oh, bambina! Devias agradecer a Deus, por teu amor ter recebido pena mais leve! Exílio é melhor do que a morte...
E viúva ficarei de marido vivo?!!! Se não é a morte é tão cruel quanto, pois nunca mais verei o meu Romeu!!!! — chorava ela agarrada à ama.
— Filha, dói-me ver-te assim! Guarda as lágrimas, acalmai-vos, que modo encontrarei para trazer-vos Romeu até aqui e assim, ele poder consolá-la, antes de partir — promete Filippa.
— Oh, ama! Ama querida!!!! Seria uma benção poder assim despedir-me. Traze-o logo e dizei que o perdôo pelo mal feito a Teobaldo e que o amo muito!
— Darei o recado, minha ovelhinha e logo tornarei com ele.
A ama beija-lhe a testa e sai. Vestiu-se rápido e lepidamente cruzava as ruas, na fraca claridade do luar, até o convento de Frei Lourenço, pois sua intuição dizia que Romeu só poderia ter fugido para lá, pois era o único lugar seguro para ele, depois do que houve.
Enquanto isso, Frei Lourenço ainda tentava persuadi-lo a seguir as ordens de Escalo, tentando consolá-lo, apontando vários caminhos alternativos a seguir. Mas Romeu estava resoluto.
Exílio!!! Sê clemente dizendo logo morte! Pois mais horror este termo guarda! — chorava o rapaz angustiado, debruçado sobre uma mesa da cela.
— Estás banido de Verona. Reveste-te de calma, pois o mundo é bastante grande e largo.
Mundo para mim não existe, se estarei longe de Julieta! Mas dores, o purgatório, talvez até o próprio inferno!
Oh, pecado mortal! — repreende-lhe o religioso. — Oh rude e absurdo desagradecimento! Nossas leis dão nome de morte à tua falta, mas o benigno príncipe, tomando teu partido, a lei pôs de lado e em exílio mudou o escuro termo! É graça, e grande, e tu não queres vê-la!
É tortura, não graça! O Céu se encontra onde Julieta vive!
— Homem sem juízo, ouve-me apenas uma palavrinha...
— Vais falar exílio novamente e ferir-me outra vez! Não quero ouvir mais nada! Oh, frade! Essa palavra os condenados usam no inferno e de urros a acompanham!
Cala-te e ouça-me! — grita o frade. — Vou emprestar-te uma armadura, para esse termo amparar: PRUDÊNCIA, o leite doce e são da adversidade, que há de te confortar...
Põe a PRUDÊNCIA numa forca, a menos que a prudência possa fazer uma Julieta, uma cidade para vivermos ou erradicar este decreto! Se não, de nada vale! Para nada pode servir-me!
— Jesus Cristo... vejo que os loucos não possuem orelhas... — argumenta o frade.
— Como tê-las, se vós “sábios” não têm olhos?! — acusa-o indiretamente.
Ora, com a breca homem! Me respeite rapaz! Estou tentando buscar a melhor resolução para o teu caso!
— Falar não podes sobre o que não sentes! Se, como eu, fosses moço; se Julieta te pertencesse, por ter se tornado tua esposa, há uma hora e se tivesses matado Teobaldo, estarias como eu agora!
Ouvem-se batidas na porta, que assustam os três homens reunidos.
— Estão batendo, frei! — fala Baltazar apreensivo.
— Ai, Virgem! Romeu escondei-vos!
Não — nega-se a obedecer,
Não seja teimoso!!! Vai para o meu quarto!
Batem a segunda vez...



continua...

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato IV: O Julgamento

— Teobaldo está morto! Assassinado por Romeu!
Julieta senta-se e tenta ordenar as notícias em sua mente.
Deus! A mão de Romeu derramou o sangue do meu primo?!
Derramou! Derramou! Oh, que dia! Derramou!!!
Julieta cai em prantos.
— Não. Não pode ser! Não Romeu, ter uma atitude tão cruel!!!
— Mas foi! Foi cruel! Matou-o!!!
— Oh, coração serpente, mascarado com feições de uma flor! Monstro atraente! Angélico demônio! — amaldiçoa-lhe a esposa sem pensar. — Substância desprezível de aparência mais que divina, justamente o oposto que mostravas ser! Oh, Romeu, por quê?
— Porque nos homens não há fé, não há confiança e nenhuma honestidade! CAIA O OPRÓBRIO SOBRE ROMEU!!!
Julieta até então, levada pelo sentimento de parentesco, o estava ofendendo, porém ao ouvir a maldição proferida por sua ama, seu coração deu um salto e temerosa, criticou-a severamente.
— Que dizes?! Que tua língua de pústulas se cubra, por haveres formulado tal voto! Para o opróbrio não nasceu ele! Sobre sua fronte o opróbrio se envergonha de sentar-se, pois é trono onde pode ser coroada a honra! Oh, fui autêntico animal, por falar dele daquela forma!
Elogiais quem matou vosso parente?! — espanta-se a ama.
— Poderei falar mal de meu marido? — redargüiu a menina. — Ah, meu pobre senhor... — Julieta volta a chorar. — Que língua pode teu nome acariciar, se eu, há três horas apenas, tua esposa, o mutilei? Mas por que deste a morte, miserável, a meu primo? É que o primo miserável teria dado a morte miserável a meu marido. Teobaldo sempre o odiou, por uma herança de desavenças e guerra, deixada por nossos antepassados. Ouso dizer que, além disso, teria inveja de sua beleza, pois em meu amor, o seu rosto é revestido de candura celestial! Voltai lágrimas tolas, para vossa fonte de origem. Vivo está meu esposo que meu vil primo, tencionava matar! Isto que importa e nada mais!
A ama ficou perplexa com o tamanho amor que Julieta devotava-lhe e não conseguiu dizer mais nada contra ele.
— Meus pais, ama, onde estão?
— Foram ao palácio da justiça, reinvidicar a condenação de Romeu à morte! Neste momento, o príncipe está julgando o caso.
Ai de mim! Ama vá até lá e veja o que se passa e traze-me notícias, enquanto aqui permaneço a rezar, para que Romeu possa a misericórdia do príncipe alcançar.
A ama obedeceu.
Na frente do palácio, estava um verdadeiro caos de injúrias e acusações. As duas famílias defendiam seus pontos de vista, gerando até choque entre as partes.
— Pela milésima vez, vou perguntar-vos: quem começou esta querela?
Romeu! — mente um Capuleto.
Mentira! Foi Teobaldo! — gritava Benvólio, defendendo o primo.
—É verdade, alteza! Teobaldo, quando viu Romeu, começou a provocá-lo e meu amo Mercuccio, por ver que o amigo não reagia, tomou-lhe as dores e partiu pro combate! — fala o pajem de Mercuccio. — Eu vi tudo!
—Romeu lhe falou em termos brandos, pedira-lhe que não levasse aquilo adiante, que se tornassem amigos, quando o infame cuspiu-lhe no rosto! — fala Benvólio.
— E foi nessa hora que meu amo Mercuccio sacou da espada e enfrentou Teobaldo — confirma o pajem.
MENTIRA!!! — berra Bettina Capuleto defendendo o sobrinho. — Estão passando uma imagem falsa!
Os Capuletos bateram-se outra vez com os Montecchios e Escalo precisou mandar os guardas apartá-los.
— Príncipe, no chão corre o sangue de meu parente e se justo fores, Romeu matou Teobaldo, por isso, morrer deve! — desafia-lhe a mãe de Julieta.
QUE ANTES MATARA MERCUCCIO E INFRINGIRA A LEI!!!! — retruca-lhe o príncipe altivo. — Perdi, pela imprudência de vosso violento sobrinho, um parente muito estimado, alguém há de pagar pelo preço desta vida cara!
— Não Romeu, alteza! — interveio o pai de Romeu em sua defesa. — Ele era amigo de Mercuccio e só fez dar o castigo, que a própria lei impunha!
Mas que por ousar fazer justiça com suas próprias mãos, não ficará impune! — fala o príncipe. — Não vou condená-lo à morte, mas será banido de Verona! Que ele parta, sob pena-de-morte, de onde quer que esteja e não porá mais os pés nesta cidade, e o réu será enforcado se por aqui, após o amanhecer, for encontrado! Estão dispensados!
Bettina e os Capuletos ainda tentaram contestar-lhe a decisão, contudo, o príncipe de Verona estava irredutível e entrou no seu palácio.
continua...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato III: "Conflitos - parte 3"


foto: peça de Teatro-Romeu enfreta Teobaldo.
Batem-se em duelo e por uma feliz conspiração do destino, após uma seqüência de golpes, Teobaldo, que já estava cansado de um recém combate não obteve êxito perante Romeu. Que arma letal torna-se o ódio, regado à sede de vingança?
Diante do olhar espantado dos Capuletos e dos Montecchios, Teobaldo cai pela espada de Romeu.
Romeu, depois que eliminou o objeto de sua ira vê-se aturdido e não estava acreditando que conseguira vencê-lo. Os Capuletos, revoltados pela queda do parente estimado, que jamais havia sido vencido antes, ameaçaram linchá-lo, no que seu primo Benvólio, percebendo-lhes a intenção, deu ordens a todos os Montecchios para defendê-lo.
Romeu! Foge Depressa!!!!
MALDITO MONTECCHIO! VAMOS ACABAR CONTIGO!!!!! — bradavam os parentes de Teobaldo. — JUSTIÇA!!!!!
Os inimigos se batem.
— O-Oque eu fiz?!!!! — gaguejava Romeu.
Vai Romeu! Não fiques aturdido!!!! O príncipe vai condenar-te à morte!!! — fala-lhe Benvólio.
— E-Ele não se mexe!!!!! — exclama Baltazar enfrentando e desvencilhando-se de um Capuleto.
Benvólio como via que Romeu não movia um centímetro clamou a Baltazar para que o tirasse dali à força.
Baltazar!!!! Leve-o daqui!
Sou um idiota!!!!! O bobo da fortuna!!!! — condena-se Romeu, caindo em si.
Foge, ora essa! — critica-o o primo.
Baltazar puxa-o de lá, antes que ele fosse trucidado pela multidão amotinada.
Escalo já havia chegado na praça e dado com o corpo do seu primo Mercuccio, cercado de alguns Montecchios, seu pajem e outros cidadãos compadecidos.
— Mercuccio?! Oh, Deus, não! — Escalo salta do cavalo e precipita-se sobre o corpo do parente assassinado. — Quem desafiou, assim, o meu castigo?! — fala com ódio. — Onde está o maldito assassino?!
Páris ficou atordoado com a cena.
— Foi Teobaldo Capuleto — fala o pajem de Mercuccio às lágrimas.
Vou enforcá-lo por esta afronta!!!! — ameaça o regente de Verona.
Escalo sobe de novo no cavalo.
— Para onde foi o infame?!
O pajem de Mercuccio aponta para a direção que Teobaldo havia fugido. O príncipe deu ordens para que alguns dos guardas de sua comitiva cuidassem do corpo, retirando-o de tão humilhante situação como se estivesse sido jogado na rua, como um cão lazarento, e seguiu com os outros e Páris.
Escalo chegou ao lugar e viu os Capuletos e Montecchios em acirrada luta, e mandou o arauto tocar a trombeta para anunciar-lhes sua chegada e pôr fim ao conflito.
O príncipe!!!!! — grita um deles.
GUARDEM VOSSAS ARMAS VIS, ANTES QUE EU OS ENFORQUE A TODOS!!!! — berra ele.
Benvólio foi o primeiro a obedecer e depois, um a um foi cumprindo a ordem dada.
— Onde está o maldito Teobaldo, assassino de Mercuccio?
— Aqui príncipe, jaz a quem procuras... — fala um dos Capuletos.
O príncipe fica pálido ao ver a que ponto havia chegado a antiga desavença. Dois assassinatos em um só dia.
Quem o matou?
— Meu primo Romeu. Que cego por ver o estimado amigo Mercuccio morto, deixou-se levar pelo ódio e procurou matar Teobaldo, o qual antes matara vosso parente.
Exijo a presença de todos, agora, no palácio da justiça. Ide á casa dos Capuleto e dos Montecchio e exortai para que todos compareçam à minha presença! — ordena aos guardas.
Estes saem e dirigem-se à casa capuleta, que não era distante dali. Foi uma surpresa para o criado que veio recebê-los às portas, ver os dois guardas armados e exigindo que o Senhor Capuleto os recebesse.
Como?! Teobaldo está morto? — assusta-se o senhor Capuleto ao receber a notícia.
Sua esposa ouvira e veio correndo.
O meu sobrinho Teobaldo, filho de meu querido irmão? — Bettina leva um choque. — É mentira! Vocês estão mentindo!!!! — grita ela chamando a atenção de todos. — Quem fez isso?!!!
— Romeu Montecchio, minha senhora — respondeu o guarda.
A ama ouviu o comunicado e ficou perplexa.
Julieta estava alheia a tudo que acontecia e comemorava a primeira noite que passaria com Romeu.
— Correi, correi, corcéis de fogo para a casa de Febo. Espalha tua cortina, ò noite! Ó guarda dos amores, vem, vem para que olhos curiosos nada vejam e a estes braços, Romeu se precipite! — abraça-se. — Vem, noite circunspecta, com teu manto de matrona severa, todo preto e me ensina a perder uma partida que já está ganha e onde jogam duas virgindades sem mancha! Oh! Ao rosto sobe-me o sangue tímido... — ri a menina. — Vem noite! Vem meu Romeu! Vem gentil noite amorosa e restitui o meu Romeu...
A ama entra chorando.
Ama?! Que tens?
Oh, que dia! Dia desgraçado!
— Ai de mim! Que acontece? Por que torces as mãos desta maneira?!
— Oh, dia! Morreu! Morreu Morreu!!! Estamos perdidas, senhorita! Sim! Perdidas! Mataram-no!
O quê?! Romeu?!!! — Julieta entra em desespero. — Não! É mentira!!!! Isso não aconteceu! Com Romeu não! NÃO!!!! Oh, por Deus, ama, diga que isto é um engano! Por que, diabos, me atormentas assim?!!! — falava a pobre Julieta às lágrimas. — Pode o céu ser assim, tão invejoso?!!!
— Romeu o pode, embora o céu não possa. Oh, Romeu! Romeu! Quem poderia ter pensado tal coisa!
Que dizes?! Suicidou-se o meu Romeu? Basta dizeres “sim” que essa palavrinha para mim conterá mais veneno que o olhar fatal do Basilisco! Morta me acho, se esse sim existir!
— Oh, Teobaldo, Teobaldo! Grande amigo! — chorava a ama enxugando as lágrimas com o avental do vestido. — Ter eu vida, para morto te ver!
— Q-Que tempestades de golpes tão atravessados são esses? Morto Romeu e Teobaldo sem vida? — Julieta não conseguia entender.



continua...