Quem sou eu

Minha foto
Desejam falar comigo? *Escrevam seus comentários, que assim que puder, entrarei em contato. Eu não uso outlook.

Pelo mundo

domingo, 25 de janeiro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato II: "o Casamento - parte 3"

Ilustração: Foto trabalhada filme de 1968
Romeu e Filippa continuaram a conversar de modo sério.
—Minha jovem senhora, mandou que eu vos procurasse, mas primeiro permita-me: se pretendes levá-la ao paraíso dos loucos, com falsas promessas de amor... — diz-lhe a ama apontando-lhe um dedo inquisidor.
— Ama, de modo algum! Eu amo Julieta!
— Se fizeres com ela jogo duplo, realmente será uma coisa muito má, para ser feita com uma nobre senhorita.
— Ama, recomenda-me a tua senhora. Juro-te...
— Oh, que lindeza!!! — interrompe ela. — Realmente vou dizer-lhe isso mesmo! Oh, senhor... Como ela vai ficar contente!
— Mas que dirás, ama, se nem ouves o que falo?!
—Oh, é mesmo... bem... dir-lhe-ei, senhor, que jurastes, o que me parece ser uma promessa de cavalheiro.
— Diga-lhe que procure pretexto de ir à cela de Frei Lourenço, na abadia de São Pedro, ainda esta tarde, onde há de confessar-se e casar!
— Oh! Não acredito? — ri a ama eufórica e batendo palmas. — És um perfeito cavalheiro, senhor! Honrado e mui polido! Minha menina finalmente irá casar-se e com quem de fato ama! Bem, ela estará lá!
— Venha também, para servir-lhe de testemunha!
— Sim! Mil vezes sim!
Ela ia se retirando.
— Ah, ama! Espera!
— Sim?!
— Dentro de uma hora, quando vieres com a senhorita Julieta, atrás do muro da abadia, irás ver meu criado com uma escada de cordas, que há de levar-me ao quarto dela, na calada da noite, para que a ela faça minha esposa, evitando assim, qualquer processo de anulação movido por nossas famílias. E depois, em momento propício, que lutarei para que seja breve, fugirei com ela.
—É verdade... As famílias, tomando ciência, podem de fato abrir o processo! Mas podemos confiar em vosso criado?
— Posso asseverar-te, cara senhora, que meu pajem é tão firme quanto o aço! Confio nele, como confiaria em mim mesmo.
De repente, uma nuvem de tristeza apodera-se da velha senhora.
— Levarás minha menina para muito longe de mim, privando-me de vê-la?! Ela é como uma filha para mim...
— Entendo... — fala o jovem — Bom, nesse caso, acho que não será problema, voltaremos para buscá-la ou venha conosco, senhora, se assim o desejares...
Oh! Deus seja louvado!!!!! Oh, meu senhor... — a ama quase ajoelhou-se aos pés do jovem , mas Romeu não permitiu, contentou-se a ama de Julieta, então, a beijar-lhe as mãos deixando-o sem jeito.
— Senhora, não, por favor...
— Oh, posso dizer que minha patroinha é uma menina muito gentil! — ela o abraça. — Oh! Senhor, senhor! Quando ela ainda era uma coisinha tagarela...
— Tenho certeza que sim, por isso encantei-me por ela!
— Na cidade há um nobre chamado Páris, que de bom grado, lançaria seu arpão para pegá-la. Mas aquele coraçãozinho prefere ver um sapo, um sapo de verdade, a olhar para ele! Às vezes a deixo irritada, ao dizer-lhe que não há moço tão bonito em toda Verona. E quando digo isso, ela fica logo pálida!!!
— Recomenda-me à tua senhora.
— Recomendarei.
— Toma —Romeu estende-lhe uma moedinha de muito valor.
— Ah, não, senhor! Nenhuma moeda! Fiz o que ela me pediu, por amor à minha filhota preciosa... Não posso aceitar...
— Por favor, cara ama aceite! Sei o quanto vos arriscastes para vir aqui.
Ela ainda reluta, contudo, por fim aceita.
— Que Deus do céu vos abençôe, obrigada!
— Adeus e conserva-te fiel, que eu saberei recompensar-te. Dá recomendações minhas à senhorita Julieta.
— Sim! Sim! Adeus!
A ama se despede e chama por Pedro, volta-se, e sai cantarolando feliz para a casa dos Capuleto.

Julieta estava impaciente, aguardando pela ama. E andava de um lado pro outro no quarto; outras vezes, ia até o balcão vigiar-lhe a chegada.
— Nove horas tinha soado, quando mandei a ama. Prometeu-me que voltaria dentro de meia hora. Talvez não o encontrasse... Oh, ela é coxa! Se dotada fosse ela de paixões e sangue moço, correria veloz como um cavalo; mas gente velha nunca chega ao porto; é chumbo escuro e lerdo, quase morto — reclamava Julieta quando ouviu vozes adentrando o portão.
— Se o encontrar outra vez, eu o demolirei, ainda que seja forte como um touro! Tipinhos desavergonhados! E tu? Como podes tu permitir que qualquer velhaco faça de mim o que bem entender? Criado incompetente! És pior que todos eles juntos!
— Nunca vi ninguém fazer de vós o que bem entendesse! Aliás, vosso leque foi melhor que minha espada!
Ora, cala-te!!!
— Oh, Deus! Ei-la afinal! — comemora Julieta. — Ama! Ama! E então, que novidades trouxeste?! Acaso o viste? Manda embora o teu criado...
— Pedro, deixe-nos.
O criado sai resmungando.
— Então, amazinha? Oh, céus! Por que estás triste? De quem falavas com tanto amargor? Se forem tristes tuas novidades, conta-as alegremente! Agora, se alegres as mesmas forem, não estragues com uma cara tão tétrica!
— Oh, que corrida!!! Deixai-me repousar por um momento! Como os ossos me doem, estou cansada... — fala a ama de propósito, para aumentar-lhe a expectativa.
— Quisera que tivesses os meus ossos e eu, tuas novidades. Vamos, peço-te boa ama, fala logo!
— Quanta pressa, Jesus! Não podereis esperar nada? — fala ela subindo as escadas. — Não notais que estou sem fôlego?
Como sem fôlego, se estás com fôlego o bastante, para me dizer que estás sem fôlego para falar? Tuas notícias são ruins ou boas?
A ama entra no quarto de Julieta e tira o véu e a deixa falando sozinha.
— Anda ama! Fala! Que te disse meu amor? Que disse Romeu? Responde-me logo isso!
— Credo! Quanto ardor! É falta de casamento, eu acho! Deixe-me beber um pouco d’água! Oh, que dor de cabeça! Como bate! Parece que vai estalar em vinte pedacinhos!
— Contrista-me saber que não estás bem. Mas, minha doce ama, que disse meu amor sobre o casamento?
— Vosso amor disse, como cavalheiro honesto e cortês, bondoso, belo...
— Sim... — os olhos de Julieta brilhavam.
— E posso assegurar-te: virtuoso... é... onde está vossa mãe?!
Como?! Onde está minha mãe? Está no quarto dela, ora! Onde deveria estar?! Oh, que resposta! “Vosso amor disse, qual cavalheiro honesto, onde está vossa mãe”?!!! Quantos rodeios!!! E Romeu, que disse?
— Vem cá!
A ama fez um sinal para ela, para que se sentasse ao lado dela na cama.
— Tens licença para confessar-se hoje à tarde? — pergunta a ama.
— Tenho.
— Não percamos tempo, então, e à cela correi de Frei Lourenço, onde um marido achareis, que vos fará mulher!
Julieta abraça-a feliz.
— Sim, minha pequena! Vosso eleito vos espera! Ora! — ri a ama. — Vos sobe ao rosto o sangue escarlate?! Anda! Correi à igreja, que já vos sigo para servir-lhe de testemunha.
— Oh, querida ama! Obrigada!
Julieta troca seu vestido por um de passeio, pega um véu e sai às pressas.



Continua...

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato II: "o Casamento - parte 2"

Ilustração: o casamento secreto.

Na praça de Verona, Benvólio e Mercuccio caminhavam e comentavam sobre a atitude estranha de Romeu na noite passada. Queriam entender o que havia se dado com ele.
— Onde meteu-se esse Romeu? — comentava Mercuccio. — Quero indagar-lhe algumas coisas! Passou a noite em casa, por ventura?
— Não na do pai, pois conversei com este. Meus tios, inclusive, estão muito preocupados... meu primo nunca dormira fora de casa...
— Oh! É esta Rosalina que o está deixando louco!
— Teobaldo, aquele tipo aparentado com o velho Capuleto, enviou uma carta à casa do pai dele.
— É um desafio, posso jurar. Será que o reconheceu ontem à noite?
Benvólio deu de ombros.
— Não sei. Mas se for, Romeu irá responder-lhe.
— Qualquer pessoa que saiba escrever, pode à uma carta responder. Deixai amigo, vou responder a este desafio...
— Não; Romeu irá mostrar ao autor da carta, como sabe desafiar, quando é desafiado — fala Benvólio orgulhoso.
— Romeu?! Hahahahahaha!!!!!
Mercuccio cai na gargalhada.
— Ei?! — chia Benvólio.
—Ele nem sabe segurar uma espada! Ah, pobre Romeu! Já está morto! Ele nunca será o homem apropriado para enfrentar Teobaldo!
— Ora! Quem é esse Teobaldo?
— Um duelista nato — retruca-lhe Mercuccio friamente.— Um cavalheiro de primeira linha, em todas as categorias da arte da esgrima.
Benvólio empalidece.
— Estás exagerando!
— Não. Não estou, infelizmente... eu o conheço bem, pois já o vi lutar. Verdadeiro carniceiro. Ah, o imortal “passado”! O “punto reverso”! O ponto “aí”! Todos os golpes incrivelmente dominados! Romeu não tem a menor chance... é melhor já encomendar os funerais, se de fato um desafio for, o que traz a tal messiva...
Benvólio engole em seco. Ele sabia que, por mais que se esforçasse, Romeu jamais derrotaria um duelista como esse, porque seu primo era pacífico demais e nunca foi de dedicar-se às artes da luta.
Não demora muito, Romeu encontra-os após combinar tudo com Frei Lourenço.
— Oi, amigos! — cumprimenta ele.
— Ah, aí está ele! Bom dia, senhor Romeu! — cumprimenta-o Mercuccio em tom debochado. —Esta noite, passaste-nos uma bela moeda falsa!
— Perdão, bom Mercuccio, mas que moeda falsa vos passei?
E ainda perguntas?! — explode Benvólio, esbravejando nervoso.
— Ei, primo! Calma!
Queres morrer?!!!!
As veias da face de Benvólio, saltavam aos olhos. Seu semblante, avermelhado de revolta.
— Perdão, primo! Mas tinha um negócio muito importante em mãos!
— Na casa de Capuleto? Ora, poupai-me!
— Corre em meu auxílio, Benvólio, que sinto o espírito desfalecer! — caçoa Mercuccio. — Vós, com assuntos importantes a tratar? Faz-me rir!
— Que horas são?
— São quase nove horas... — responde Benvólio. — E agora que tu me apareces?
— Ótimo! — comenta Romeu, esfregando as mãos satisfatoriamente. — Deu tempo...
Os dois amigos se entreolham curiosos.
— Tempo para quê? — pergunta o primo.
— Estou esperando uma pessoa.
— É mulher, só pode — cochicha Mercuccio, puxando Benvólio para junto de si. — Será a tal Rosalina?!
— Não! Rosalina não vive mais em Verona, foi para um convento em Roma!
— Se não é ela, será outra! Por isso o biltre passara a noite fora! Espero que seja linda, pelo menos!
— O que ambos estão cochichando?! — reclama Romeu observando-os. — Qual o problema?
Eles disfarçaram.
— Nós, cochichando?! Imagina! — desconversa Mercuccio.
Nessa hora, a ama de Julieta aparece na praça, acompanhada do seu criado Pedro. Chega perto dos rapazes e cumprimenta-os, educada.
— Bom dia, senhores! — diz ela. — Sabem onde posso encontrar o jovem Romeu Montecchio?
Mercuccio e Benvólio ao virarem e vislumbrarem aquela velha com mais de 50 anos, erguem as sobrancelhas incrédulos e caem na gargalhada, depois da surpresa.
Ei! Parem! — critica Romeu, empurrando-os. — Que falta de respeito! Perdão senhora...
A ama não entende nada.
Uma velha!!!! — gargalhava Mercuccio. — Teu gosto já foi bem melhor, meu amigo! Huahahahahahaha!!!
Mercuccio ria de chorar e Benvólio acompanhava-o.
O quê?! — ofende-se a ama Filippa.
— Não é o que estão pensando! — fala Romeu desesperado.
— Pedro, meu leque! — fala ela emburrando a cara e estufando o peito gordo.
— Oh, sim Pedrinho! — caçoava Mercuccio. — Para esconder o rosto, pois dos dois, o leque ainda é o mais passável!
— Ah é?! — diz a ama.
Aiiiiii!!!!!!! Ei! Sua louca! — grita Mercuccio.
A ama havia batido na cabeça dele, com o leque pesado de madeira.
Não tens bons modos?! Seu grosseiro! E tu também! — fala ela ameaçando Benvólio. — Quereis experimentar?!
Benvólio engole o riso no mesmo instante. Agora, foi a vez de Romeu gargalhar...
— Que espécie de homens sois? — pergunta a eles. — Vossos pais não vos ensinaram a ter respeito pelos mais velhos?!!!
— Homens, cara dama, que Deus fez para que eles próprios se estragassem... — comenta Romeu.
— Muito bem dito, meu rapaz! Então, onde posso encontrar o jovem Romeu Montecchio?
— Sou eu o dono deste nome, na falta de outro pior — brinca ele.
Romeu pega-lhe a mão e beija-a com respeito.
— Oh, mas que gentil-homem! Bem mais educado, do que outros que vejo por aqui... — comenta ela, estreitando os olhos e fuzilando os dois amigos de Romeu. — Por favor, senhor... Uma palavrinha, pois não tenho muito tempo.
Romeu faz sinal à ama para que se afastassem e pudessem conversar, num local mais reservado. Os dois amigos dele, começaram a especular.
— Deve ser convite para alguma ceia — deduz Benvólio.
— Uma alcoviteira, isso sim! Uma alcoviteira! — insiste Mercuccio.
— Será?! — pergunta Benvólio.
— Podes crer-me!
Mercuccio se aproxima para tentar ouvir algo, porém, Romeu percebe.
— Perdeu alguma coisa, aqui? — fala ele entre-dentes. — Queira nos dar licença, por obséquio?
— Eu?! Não! Não! Er... — pigarreia ele. — Romeu, não ides à casa de vosso pai? Vamos passar a tarde lá e jantar... — disfarça ele, ou pelo menos tenta...
— Já vos sigo. Agora Mercuccio, por favor...
Eles saem ainda meio desconfiados.
Continua...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato II: "o Casamento - parte1"

Foto: Igreja de Santa Anastasia em Verona
Frei Lourenço já se encontrava em sua horta, desde às 5:30 da manhã, após rezar as matinas com seus irmãos do convento. Estava distraído a examinar algumas flores e ouve alguém chamá-lo.

Frei Lourenço!
— Pela Virgem! Quem me chama assim tão cedo? Romeu?!
— Bom dia, meu padre.
— Ora vejam! Esta hora matutina me assegura, que algo escondes de grave na postura! Que será, por Deus?! Posso dizer, se acaso em erro estou, que esta noite Romeu não se deitou!
— Sim, mas foi doce o meu repouso!
— Ah, Deus te perdoe! Com Rosalina?!
— Não, bom frade! Que pergunta! O que pensas que sou? Já esqueci este nome e a dor adjunta!
Frei Lourenço dá uns tapinhas no rosto dele demonstrando imensa satisfação.
— És, meu bom filho! E, então? Onde estiveste?
— Vou te contar, pois permissão me deste. Fui à casa do rico Capuleto, onde ferido fui para castigo, por quem feri também. Nosso remédio só poderá vir, por intermédio do teu auxílio. Santo homem, não agraves minha sina, porque este meu pedido, observa-o bem, à minha inimiga amparará também!
Frei Lourenço não consegue entender.
— Sê mais claro, meu filho! A confissão por enigmas, não chega à absolvição! — reclama o frade.
— Ouve então, se me tens algum afeto! Amo a filha do rico Capuleto. Meu coração é dela e o dela é meu...
Como?! — assusta-se Frei Lourenço.
— Tudo está combinado, no apogeu do amor estamos só faltando, agora, que nos designes o lugar e a hora para o sagrado enlace.
Por São Francisco! Ai, Jesus, Maria, José! Quantas lágrimas salgadas, derramadas, só pelo amor de Rosalina! Que mudança é essa?
— Frei Lourenço é verdade!
Queres enlouquecer-me?! O coração, no amor dos moços, nada influi, senão somente os olhos! Tanta amargura jogada fora, por um amor, que ele não sente agora!
Censuravas o amor à Rosalina! — lembra-lhe Romeu.
— Não o amor, mas o exagero que se finda.
— Disseste-me para que o enterrasse...
— Não em cova, para aqui fora achar paixão mais nova. Aconselhava-o a livrar-se aos poucos!
— Também me disseste que, se ela me amasse, não se negaria a casar-nos.
— Ora bolas! Não estou me negando a nada. Apenas acho que é outra paixão exagerada.
— Não me censures. Se não puder contar convosco, com quem contarei? E minha amada, na afeição não me fica a dever nada. Julieta também me ama, Frei Lourenço...
Frei Lourenço pára de esbravejar e encara-o nos olhos.
— Isso é verdade? Não estás a fantasiar?
— Sim, Frei Lourenço! Apaixonei-me por Julieta Capuleto e ela por mim!
— E sobre o fato das famílias...
— A dama me disse que, se for preciso, comigo fugiria, para vivermos a liberdade do nosso amor.
— E você?
— Da mesma forma.
— Ambos podem ser deserdados, por tal afronta, já pensaram nisso?
— Não importa. Começaremos uma vida nova, sem esta maldição de nossas famílias.
— Estão dispostos a renunciarem à herança de suas famílias? — admira-se o frade.
— Se for preciso, sim! Mil vezes sim!
Materdei! A coisa é séria!
— Sim, frei. E se te recusares a casar-nos, procuraremos quem o faça. Nem que seja o príncipe Escalo, a maior autoridade de Verona...
Que absurdo é esse?! Ele não tem o poder de Deus para isso! Ora, está bem! Convenceste-me rapaz! Vem, vem comigo, que neste lance me terás contigo, pois é possível que tão bela aliança, faça parar este ódio que não cansa!
— Vamos logo, pois não vejo a hora! Estou com pressa! — fala Romeu eufórico.
— Prudência! Quem mais corre mais tropeça! Devem arranjar duas testemunhas, para que o casamento seja válido e não possa ser anulado.
— Mas quem? Não quero que muitos saibam... Ai!
Frei Lourenço deu-lhe um cascudo.
— Alguém de vossa total confiança, ora essa! Alguém que seja neutro e guarde o nosso segredo.
— Meu criado Baltazar?
— Sim, perfeito! Ele lhe deve obediência e nada falará se ordenares. E Julieta? Tem alguém?
— Ela me disse que sua ama é confiável.
— Ótimo, falai com ela, para que converse com a ama.



Continua...

domingo, 11 de janeiro de 2009

Letra Magical World- Blackmore's Nigth


Homenagem a Romeu e Julieta.

6-Magical World
I called your name out loud in the courtyard,
The crystal I held was like an old friend
The vines crawled the walls
The wind held its breath
But the answer I longed for never came...

Your name, they had said,
was cursed beyond measure,
The families at odds fought with poisoned tongues
And yet through the dark
Of blind, bitter hate,
Broke a glittering light of two lover's fate...

Walls built between us,
Miles seperate us,
Yet in our hearts, we share the same dream...
Feelings so strong,
We just must carry on,
On to our Magical World...

Destiny called them like a silver poem
They followed the dance 'till the music died out...
Last time they met was on an earth bed

Both knowing they'd meet again in the light...

Walls built between us,
Miles seperate us,
Yet in our hearts, we share the same dream...
Feelings so strong,
We just must carry on,
On to our Magical World...

In our Magical World… In our Magical World...

Fear not, dear Juliet, your Romeo's calling
He's waiting for you at the end of the song,
This world was too cruel... for lovers like you,
But here in our hearts you'll always live on

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Segundo Ato: "Juras de amor - parte 4"

*uma ilustração minha de Romeu e Julieta na sacada
— Não posso crer? — Julieta surpreende-se. — Ninguém irá casar-nos, todos temem a inimizade de nossos pais!
— Pois tenho um amigo que poderá casar-nos.
— Quem?!
— Frei Lourenço.
— Oh, eu o conheço! É o meu confessor e assistente do pároco de São Pedro!
— E meu também.
Julieta abraça-o feliz.
— É maravilhoso!!!! Oh, Romeu, se este pendor for sério e honesto, envia-me uma palavra pela pessoa que eu te mandar.
— Julieta, essa pessoa deve guardar o segredo. Achas que podeis confiar?
— Sim. Minha ama Filippa é de minha total confiança! Ela anseia em ver-me casada e tenho certeza que ela ficará feliz e encantada! Dize a ela em que lugar e quando pretendes realizar a cerimônia, que a teus pés porei minha ventura, para seguir-te pelo mundo todo como a senhor e esposo!
Senhorita!!!! Ainda aí?!!! — grita a ama.
Já vou! Já vou! Porém, se não for puro teu pensamento, peço-te...
Bambina!!!!!
Já estou indo!!! Que não sigas com tuas insistências e deixai-me entregue à minha dor.
— Que eu perca a minha alma, se sinceridade não houver em meu intento!
— Boa noite, vezes mil!
— Não sem tua luz gentil!
— Vai. Preciso entrar...
Romeu desce e feliz, comemora.
— Oh, noite abençoada! Tenho medo que seja um sonho e lisonjeiro em demasia para ser realidade!
Ela volta.
— Romeu! Só três palavrinhas...
— Diga!
— A que horas devo mandar alguém para falar-te?
— Às 9 horas.
— Até lá parece que são vinte anos... AH, Romeu!
— Minha querida...
— Oh, não! Esqueci-me do que ia falar!
—Deixai que eu fique parado aqui, até que te recordes...
— Esquecê-lo-ia, só para que ficasses parado aí, recordando-me de como adoro tua companhia...
— E eu ficaria, para que esquecesses, deixando de lembrar-me de outra casa que não fosse esta aqui.
Julieta colhe uma das rosas do balcão, beija-a e joga-lhe a flor.
— Para que te lembres de mim...
— Sempre.
— É quase dia; desejara que já tivesses ido. Adeus amor! Calca-me a dor com tanto afã, que boa noite eu diria até amanhã...
— Que aos teus olhos o sono baixe e ao peito. Ah, quem dera fosse eu o sono e dormisse deste jeito.
— Boa noite, doce Montecchio...
Ela manda-lhe um beijo e sai de vez da janela, deixando-o a sós.
— Vou agora mesmo a Frei Lourenço, meu pai espiritual, para um conselho lhe pedir leal.
continua...

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Segundo Ato: "Juras de amor - parte 3"

* fragmento de uma HQ de Romeu e Julieta, feita por mim.
— Oh, meu gentil Romeu! Se me amas, proclama-o com sinceridade... — fala emocionada.
Romeu, por um impulso apaixonado, sobe apressado pela corbelha, com o coração aos saltos. Ele queria abraçá-la, beijá-la outra vez. Aliviar o calor que subiu-lhe ao peito, contudo, não acostumada a esses rompantes, Julieta se assusta e afasta-se dele.
— Se pensas acaso, que foi fácil minha conquista, vou tornar-me ríspida e desprezar tua côrte!
— Por Deus, bela menina, não pense que...
— Belo Montecchio, é certo! Estou perdida e louca de amor, daí poder pensares que meu comportamento é assaz leviano. Mas podeis crer-me, cavalheiro, que hei de mais fiel mostrar-me, do que quantas têm astúcia para serem castas!
Julieta debruça-se na sacada e ri de forma tímida, ajeitando o cabelo.
— Poderia ter sido mais prudente, se não fosse teres ouvido, sem que eu percebesse minha veraz paixão, sendo assim... perdoa-me! Não imputes à leviandade, meus sentimentos, tão facilmente descobertos pela noite escura.
Romeu meneia a cabeça, negativamente, apontando para a lua.
— Senhora, juro por esta santa lua que...
— NÃO! Não jures pela lua, essa inconstante esfera, que todos os meses altera seu contorno circular, para que teu amor não pareça assim mutável.
— Pelo que devo jurar, então?
— Não jures nada, ou se o quiseres, jurai por ti mesmo, que é o objeto de minha idolatria. Assim te creio.
— Eu juro! O amor do meu coração é sincero! Oh, Julieta...
Romeu a abraça e beija-a com ardor; Julieta corresponde com a mesma intensidade.
Enquanto se beijavam, ela murmurava feliz...
— Minha bondade é como o mar, sem fim, e meu amor, tão profundo quanto ele! Posso dar-te sem medida, porque muito mais me sobra, pois ambos são infinitos!
O desejo anuviou-lhes o pensamento e apaixonados, entregavam-se àquele turbilhão de sentimentos, até que Julieta voltara a si e repeliu-o.
— Pára! Não me alegra a aliança desta noite.
— Como? O que foi?
— Precipitada foi por demais! Súbita! Tal qual o relâmpago que deixa de existir, antes que dizer possamos: Ei-lo! Brilhou! Adeus querido! Adeus! Sê fiel doce Montecchio e que o hálito do verão amadureça este botão de amor!
— Espera! Vais deixar-me sair mal satisfeito?
— Que alegria querias esta noite?
— Trocar contigo o voto fiel de amor.
— Antes de me pedires, já era teu, mas desejava ter de dá-lo ainda... — fala ela pegando a mão dele e beijando-a. — Não posso dá-lo agora...
— Desejas retirá-lo?! Com que intuito, querido amor? — murmura ele decepcionado.
— Para que mais generosa e em ocasião mais propícia, novamente te ofertasse.
— Em nossas bodas?! — insinua ele. — Desejo que sejas minha esposa...
Julieta surpreende-se...
Ela toca no rosto ansioso dele; os olhos de Romeu cintilavam como estrelas.
A ama a chama, com voz sonolenta.
Julieta, onde estás?
Já vou ama! Adeus amor! Adeus! Estou sem sono!
Deitai que o sono vem, querida ovelhinha!
Ela sente os passos da ama.
— Romeu, esconda-te depressa.
Ele desce afoito e esconde-se sob a sacada, procurando conter sua respiração ofegante. A ama abre a porta.
— Algum problema, querida?
— Não ama! É que a noite está tão linda!
— Sim, mas já são 4 horas da manhã.
— Eu vou logo ama, prometo! Deixai-me apenas mais uns minutos aqui...
— Oh, está bem! Mas não se demore muito, podes resfriar-te — fala ela. — Ai que sono! — a ama boceja e entra. Julieta chama Romeu outra vez.
— Romeu, ainda estás aí?
— Sim.
Mais rápido do que poderia supor, Romeu já estava junto dela.
— Falaste sério sobre a proposta que fizeste?
— De todo o meu coração.
— Mas não vês que é impossível?
— Para o amor nada é impossível. Se desejamos ficar juntos para sempre, não temos escolha, minha amada... nossos pais jamais aceitarão nossas juras apaixonadas. Estão presos pelo ódio do sangue que corre em nossas veias... — ele faz uma pausa.
Julieta entristecera-se. Romeu tinha razão.
— Mas se nunca aceitarão como...
— Creia-me, querida Julieta. Por ti sou capaz de tudo. Não sou mercador, mas se te encontrasses tão longe quanto a praia mais extensa, que o mar longínquo banha, aventurar-me-ia para buscar tão preciosa mercancia.
Julieta lembrou-se de Páris naquele instante e estremecera. Sabia que seus pais faziam gosto em casá-la com ele, mas ela não o amava. Um pouco temerosa, fez a Romeu uma pergunta decisiva.
— Pretendes tomar-me como esposa, de verdade? Não compreendo como, se nossos pais alimentam tamanho ódio...
— Sim. Casemos às ocultas em ato bem simplório — fala o jovem sonhador. — Ninguém precisa saber!
continua...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Um pedacinho pra não deixá-los na mão.

Perdoem-me a demora e o texto curtinho, mas o sono está mais forte, porém, promessa é dívida! Nem que fosse um texto curto, mas comprometi-me, postei.
A história já está bem adiantada e prometo que assim que passar a limpo, postarei muito mais textos para compensar o jejum. Não serão apenas um, e sim, várias partes da cena mais romântica da história.
Um beijo a todos e até breve.

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Segundo Ato: "Juras de amor - parte 2"

pintura: Philip H. Calderon
A portinha delicada abriu-se, escoando a luz da lamparina e ele nota uma figura apoiar-se na mureta. Lá estava ela, a bela Capuleto. A virgem dos seus sonhos de amor.
— Oh, que luz radiante, escoa-se daquela janela! É Julieta! Oh,sim! Eis minha dama; o meu amor... — murmura encantado. — Ah, se ela soubesse disso! Vede com ela apóia o rosto à mão? Quem me dera ser tua luva, para poder tocar naquela face! Ela fala, contudo, não diz nada... que importa?! Com o olhar está falando... Duas estrelas, as mais formosas do firmamento, tendo tido qualquer ocupação, pediram aos olhos dela que brilhassem em suas esferas, até que elas voltassem. O que aconteceria se ficassem lá no alto, os olhos dela? Suas faces fulgentes varreriam as estrelas, como o dia faz com as trevas da noite, e seus olhos, tamanha luz no céu espalhariam, que os pássaros, despertos, cantariam...
Ai de mim! — suspira ela queixosa.
— Falou?Oh, fala de novo anjo brilhante! Por que tão inacessível aos vis mortais, aos pecadores como nós? Oh, emissário alado das alturas! Abençoa-me com o doce som de tua voz!
Oh, Romeu! Romeu! Por que tinhas que ser tu, Romeu?! — falava amargurada. — Querido Montecchio... renega o pai, despoja-te do nome, ou se não puderes, jura ao menos que amor me tens, que uma Capuleto deixarei de ser logo! Meu inimigo é apenas o teu nome e continuaria sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses — ela ri encabulada. — Que é Montecchio? Que há num simples nome? A flor a que chamamos de rosa, com outro nome teria igual perfume — fala sonhadora. — Assim Romeu, se não tivesses o nome de Romeu Montecchio, conservaria a mesma perfeição, que é dele sem título... — ela faz uma breve pausa. — Oh, meu querido Romeu! — exclama eufórica. — Risca teu nome e em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira!
Romeu não conseguiu mais ficar calado, depois de ouvir isso.
SIM! Aceito tua palavra! — grita ele. — DÁ-ME APENAS O NOME DE AMOR QUE SEREI REBATIZADO!
Julieta se assusta, não esperava por isso e com a surpresa, não reconhecera a voz.
DEUS MEU! QUEM ÉS TU, QUE ENCOBERTO PELA NOITE, ENTRAS EM MEUS SEGREDOS? — protesta a jovem envergonhada e revoltada.
— Por um nome, não sei como dizer-te quem eu seja. Meu nome, cara santa, me é tão odioso porque sou teu inimigo e se o tivesse escrito, diante de mim, eu o rasgaria!
“Santa?!...” — lembra Julieta, recordando-se da forma como Romeu a chamara na festa.
— Romeu? És tu, Romeu?
Julieta finalmente liga as frases soltas e o reconhece.
— Meus ouvidos ainda não beberam cem palavras de tua boca, mas reconheço o tom. És Romeu, o filho de Giuseppe Montecchio.
— Nem um nem outro, se ambos te desgostam.
— Dize-me por que vieste? Muito alto é o muro do jardim e difícil de escalar! Sendo o risco a própria morte, se acaso fores encontrado por um de meus parentes!
— As leste asas do amor me fizeram transpor estes muros, pois barreira alguma conseguirá deter do amor o curso — responde-lhe empolgado. — Sendo assim, teus parentes não poderiam desviar-me do propósito!
Shhh!!!!! Fala baixo! No caso de seres visto poderão matar-vos!
— Em teus olhos há maior perigo, do que em vinte punhais de teus parentes! Olha-me com doçura e serei imunizado contra o ódio dos teus!
— Por nada deste mundo, desejaria que foste visto aqui! Vá embora... não te arrisques!
— A capa tenho da noite para deles ocultar-me. Basta que me ames e eles que me vejam... não importa. Prefiro ter a vida arrancada pelo ódio deles, a ter morte longa faltando o teu amor!
Lágrimas de alegria vieram aos olhos de Julieta. Foi a jura mais bela, que alguém poderia ter feito à uma dama. Nem o dito Conde Páris, que se dizia tão apaixonado...
continua...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Em breve: a continuação de Romeu e Julieta

Perdoem-me pelo atraso nas postagens. Mas com as festas de fim de ano a coisa andou meio devagar mesmo, em todos os lugares. Prometo que ainda esta semana, tornarei a postar Romeu e Julieta em prosa e versos, por isso, àqueles que estão curtindo a história, não se preocupem. Palavra de honra!
FELIZ ANO NOVO A TODOS!!!