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Pelo mundo

domingo, 21 de dezembro de 2008

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Segundo Ato: "Juras de amor - parte1"

* fragmento de uma HQ de Romeu e Julieta feita por mim há muito tempo.

Julieta deitou-se no leito e chorava baixinho. A ama Filippa, muito preocupada, foi falar com ela.
— O que foi minha ovelhinha? O que se passa?
Julieta enxuga as lágrimas para disfarçar. Ela havia estado com o homem que sempre sonhara para si. Um homem com coração de poeta, mas por quê? Por que ele tinha que ser filho do inimigo de seu pai? Julieta desejava desabafar, porém, perguntava se sua ama entenderia, por isso achou melhor não arriscar e tenta desconversar de alguma forma.
— Não é nada, ama. Uma indisposição...
— Como nada? Saíste daquele jeito...
— Eu já estou melhor.
A ama olha-a incrédula. Julieta logo percebera que não seria fácil enganá-la, porque sua ama a conhecia muito bem, mais até do que ela própria.
— Quando vier a coragem, eu contarei, pois estou envergonhada pelo que fiz e não quero falar sobre isso.
— Estás bem?
— Estou.
— Bom, isso que importa. Fico mais tranqüila...
— Durma ama querida, deves estar cansada pelo agitado dia — fala a menina com doçura.
— Oh, sim! E como? Já não tenho mais idade para certas coisas!
Filippa não insistiu com suas perguntas, preferiu deixar Julieta com seus pensamentos, pois no fundo ela sabia que uma hora ela iria falar, pois somente com ela, Julieta confessava suas frustrações e problemas, buscando conselhos e acabou por interpretar o fato como um arroubo de juventude. Filippa puxou sua cama de rodas, debaixo da cama de Julieta e arrumou o leito. Dormiu rápido, pois estava muito cansada.
Julieta ainda continuou acordada. Uma inquietude apoderou-se de sua alma e a cada momento que tocava seus lábios, lembrava-se do beijo doce do amado.
“Oh, Deus do Céu! Por que Romeu? Logo ele a quem deveria odiar...
" — indagava-se.
Romeu perguntava-se a mesma coisa e a mesma sensação inquietante, apoderava-se dele.
— O que foi, Romeu? — pergunta-lhe Benvólio, quando viu-o empacar o passo. — Por que paraste, primo?
— Tenho que voltar! — fala aflito. — Como afastar-me, se daqui não pode sair meu coração?
Como?! Ei! Volta!!!
Romeu já ia longe; nem ouviu-lhe o grito. Disparou novamente na direção da casa capuleta. Benvólio, confuso, puxa Mercuccio.
Que foi? Calma!
— Romeu voltou para a casa de Capuleto!
Hein?! — fala Mercuccio tonto.
— Vamos atrás dele!
— E será que vamos acertar o caminho?! — gargalha Mercuccio, debochado. — Vejo duas vias, onde antes só tinha uma!
Não é hora para brincadeiras! Vem!
Calma! Que furor!!! Bons rapazes — diz ele ao grupo. — sigam sem nós...
Vem logo!
Todos do grupo riram, ao vê-los se afastarem. Estavam totalmente ébrios, pois não há nada mais cômico no mundo, do que bêbados que pensam estarem sóbrios, correndo cambaleantes naquele trocar de pernas bem típico. Ainda mais com um segurando o outro, por julgar o parceiro mais bêbado do que ele próprio. Caíram até algumas vezes, até sumirem na curva da viela.
Apesar da dificuldade, conseguiram chegar ao muro da casa de Capuleto e viram Romeu pular pro jardim.
Romeu! Primo Romeu?!
— Ele é prudente, por minha fé! E soube achar a estrada para o leito macio! — comenta Mercuccio malicioso.
Cala-te, língua infame! Em disparada veio até aqui e pulou o muro que dá para o jardim! Faça alguma coisa! Chame-o, pois já o chamei e ele não me responde!
— Vou conjurá-lo! — pigarreia Mercuccio. —
Romeu! Capricho! Paixão! Sujeito louco! Enamorado!
— Não responde! — fala Benvólio aflito. — Chama de novo! Insiste!
Romeu estava oculto pelos galhos da árvore rente ao muro, mas via os amigos nitidamente. Observava-os sem dar um “Ai”.
— Acho que precisará de uma invocação mais forte... — comenta Mercuccio aprumando-se, ou pelo menos, tentando.— Vou fazer-lhe um conjuro mais forte...
Ele tonteia e enche o peito. Romeu queria rir, mas se segurava...
EU TE CONJURO PELOS OLHOS SEM-PAR DE ROSALINA! POR SUA FRONTE! SEUS LÁBIOS ESCARLATES! OS DELICADOS PÉS! AS BELAS PERNAS! AS TREMULANTES COXAS...
PÁRA COM ISSO! — critica-lhe Benvólio, antes que ele falasse algo indevido e obsceno. — Por certo irás magoá-lo!
— Não, isso não o magoa. Minha invocação é bela e honesta! O nome digo de sua amada, para que possa reanimar-se!
Ora qual? Não falais coisa com coisa! Estás bêbado!
E tu? Estás sóbrio por acaso?!
— Vamos embora! Ele ocultou-se entre as ramagens. Seu cego amor diz bem com a escuridão. É canseira inútil procurar, quem não quer ser encontrado...
Os amigos se afastam. Romeu sente-se indignado.
— Só ri das cicatrizes, quem ferida nunca sentiu no corpo...
O galho quebra-se.
Ai não!
Ele tenta se segurar em outro, mas estava tão escorregadio por conta do sereno, que sua mão não teve firmeza. Por sorte, Romeu cai sobre um arbusto que amortece-lhe a queda.
— Ui! Essa doeu!
Romeu levanta-se e começa a avançar. O ambiente era amplo. Ao redor dele, existiam várias árvores e arbustos coloridos, que repousavam vigilantes pelo jardim, como se desejassem ocultar algo de olhos curiosos.
Romeu estava incomodado e temeroso. Seu coração batia forte e a imagem da bela Capuleto, teimava em não sair da sua mente. Ele precisava vê-la, nem que fosse uma última vez.
À medida que se aproximava da casa, ia afastando as plantas, até vislumbrar entre os ramos, o singelo balcão de uma janela. Ao lado da sacada, uma armação de madeira caiada bem alta, servia de apoio à uma trepadeira florida. Uma corbelha de flores, cujos cachos de rosas silvestres caíam, dando uma aparência de castelo de conto-de-fadas. Mas onde estaria a princesa? A armação parecia bem firme, para servir de escada improvisada, na falta de coisa melhor. Além das rosáceas, uma hera abusada misturava-se às ramagens, desde o muro lateral até a janela. Enquanto ele examinava a armação, ouve um barulho vindo de cima; o delicado abrir de uma porta. Assustado, esconde-se entre os arbustos.


continua...

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