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Pelo mundo

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Romeu e Julieta (em prosa e versos)-primeiro Ato "Em busca do verdadeiro amor"-3

foto: praça principal de Verona
continuação...
Depois da audiência com o príncipe de Verona, o Senhor Lorenzo Capuleto sai do palácio. Páris, sobrinho do príncipe, fez-lhe a gentileza de acompanhá-lo.
— Tanto eu como Giuseppe Montecchio recebemos igual penalidade. Como velhos, em paz viver não nos será difícil. Os jovens é que me preocupam verdadeiramente — comenta Capuleto.
— Ambos gozais de altíssimo conceito, sendo de lastimar que a tanto tempo vivais em desavença. Mas agora, milorde, que dizeis do meu pedido?
— Conde Páris. Repito o que já vos disse. Minha filha Julieta ainda é uma estrangeira neste mundo, mal o curso notou de 14 anos. Jamais comentara sobre amores. Os folguedos infantis ainda são os seus pendores. Não façamos destas núpcias algum barulho.
— Mães venturosas já o são, muitas outras moças, mais jovens ainda do que ela — insiste o conde.
— As que começam antes do tempo, também cedo morrem. Querido Páris! Todas as minhas proles foram tragadas pela terra; somente essa me resta, herdeira grata do que tenho. Mas falai com Julieta; nisso, minha vontade será só uma parcela. Sendo do gosto dela, no mesmo instante estou disposto a dar alegre o meu consentimento.
Páris sorri satisfeito.
— Darei hoje uma festa — continua Capuleto — na qual convidei pessoas amigas. Vós também, sendo mais um, fazei como ninguém, jus ao convite e se a oportunidade se fizer aparente, corteje minha filha a procure fazê-la contente. Apegando-se a ti, creio que não será difícil convencê-la a casar-se.
— Muito obrigado, Senhor Capuleto! Com certeza, ninguém mais do que eu, nisso irá empenhar-se!
Um criado acompanhava-os em silêncio.
Olá rapaz! Aqui!
— Sim, meu senhor?
— Corre a bela Verona e os nomes desta lista procura. A todos anunciai, que hoje, venham à minha casa, pois estarei esperando! Vamos, caro Páris! Aproveite e passe o dia conosco.
— Será uma honra , milorde — fala ele agradecido.
Ambos se afastaram animados, deixando o pobre criado para trás, aflito, revirando o papel para todos os lados.
— Procurar os donos dos nomes desta lista! Irá ocupar-se o pintor com suas redes, o pescador com seu pincel e a mim, que não sei ler, me incumbem de tal penosa tarefa! — debocha o homem. — Devo procurar gente instruída, para me ajudar com isso...
Vivas! Achei! Pelas roupas, estudo eles têm!
Nesta hora, andando em direção ao homem vinham Romeu e Benvólio. Ele, ainda cabisbaixo e seu primo, tentando animá-lo.
— Olá, senhores? Graças aos céus que encontrei-vos!
— Em que podemos ajudar-vos, senhor? — pergunta-lhe Romeu solícito.
—Oh! Que brio! Que fineza de modos! Ajudai-me, em nome de Deus!
Romeu e o primo se entreolharam curiosos.
— Tenho aqui uma lista, cujo meu patrão confiou-me, mas não sei ler, para meu desalento. Portanto, não poderei cumprir a ordem e com certeza, serei severamente castigado se não fizer o que meu senhor ordenou, pois causarei a ele, tremendo desagrado.
Por Deus! Deixe-me ajudá-lo, então! — exclama Romeu indignado.
Benvólio ri, Romeu abre e lê.
—“ Senhor Martino, sua esposa e filhas; o Conde Anselmo com suas encantadoras irmãs; a senhora viúva de Vitrúvio; Senhor Placêncio e suas amáveis sobrinhas, Mercuccio e seu irmão Valentino...”
Olha! Nosso amigo Mercuccio foi convidado! — comenta Benvólio.
— Ah, claro! Festa sem Mercuccio, não é festa! Ele sempre anima qualquer evento com seu jeito fanfarrão e sua trupe de músicos!
Romeu continua...
— “ meu tio Martino Capuleto, sua esposa e filhos; minha linda sobrinha Rosalina...” —
Como?!
Romeu assusta-se e olha inquisidor para Benvólio.
— Não me disseste há pouco, que ela estava num convento?
— Foi o que ouvi na cidade! É o comentário do momento!
— Queres fazer-me desistir do meu amor, seu traidor?
— Por Deus, primo, injusto sois!
Claro que não! Vai ver, ela ainda não foi! — Benvólio tenta justificar-se.
Ei! Ei! Será que podem continuar, por favor? — fala o criado de Capuleto, reparando que durante alguns minutos, enquanto ambos discutiam, haviam o ignorado completamente.
Romeu tornou a ler, mantendo o cenho cerrado e olhando Benvólio meio de lado; e fez questão de repetir em alto e bom som...
— “MINHA LINDA SOBRINHA ROSALINA, meu irmão Iacopo e sua amável esposa e filhos; Lívia; o senhor Valêncio com seu filho Teobaldo e minha cunhada, Senhora Dominica; Lúcio e a encantadora Helena...” — termina ele.
Benvólio suspirou impaciente.
— Belo conjunto! Onde será isso? — pergunta Romeu curioso, entregando ao criado a lista.
— Na ceia em nossa casa! — fala o criado animado e guardando o papel. — Meu amo Lorenzo Capuleto dará uma grande festa esta noite!
— Não me diga?! — retruca Romeu e olha, imediatamente, para Benvólio.
Ei! O que estás pensando em fazer? — desespera-se o primo de Romeu.
— Senhores, obrigado pela ajuda! — cumprimenta o homem, sacudindo violentamente o braço dos dois rapazes. — Se acaso de casa de Montecchio não o forem, participem da festa conosco! Deus vos abençoe!
O criado sai feliz e cantarolando desafinado. Ele conseguiria cumprir a ordem a bom termo e estava mais relaxado.
— Veja só! O louco nos convidou! — riu-se Benvólio.
— E eu vou! — fala Romeu.
O quê?!!! — assusta-se o primo. — Ficaste louco? É na casa de Capuleto, nosso inimigo!
Romeu começou a andar, deixando-o para trás.
Alto lá, Romeu! O homem disse “se acaso da casa de Montecchio não o forem”...
— Eles não precisam saber.
Queres ir ao encontro da morte, seu insano? Ei! Aonde vais?
— Falar com Mercuccio para pedir que ele me leve.
Mas irão reconhecer-vos!
— Não se eu usar uma máscara, como os companheiros músicos de Mercuccio.
— Eu não vou permitir que faças tal absurdo!
— Não me impeças! Mentiste para mim, para tentar persuadir-me a desistir de Rosalina, o meu amor!
— Por Deus, Romeu! Longe de mim ter tido alguma vez, tal penhor! Eu não menti! De fato, sobre Rosalina, estes comentários ouvi!
— Eu preciso falar com ela, é muito importante para mim! Preciso saber de seus lábios se isto é verdade, para que minha agonia, por esse sentimento não correspondido, chegue ao fim.
— Ora, está bem! Entendo-te! Mas irei contigo!
— Que bom, primo amigo!
— Nessa tradicional festividade, além de Rosalina, desfilarão demais beldades de Verona. Com olhos imparciais compara o rosto dela aos das outras que te mostrar por lá, que sem estorvo, verás teu cisne transformado em corvo! — desafia-lhe Benvólio.
— Se meus olhos devotos falsidade tão grande sustentarem, que em fogueira de minhas lágrimas, eu morra sem piedade. Com tal beleza radiante, nem mesmo o sol brilhará mais do que tão linda amante! — fala Romeu apaixonado.

continua...

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