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Pelo mundo

sábado, 7 de março de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato III: "Conflitos - parte 2"


Romeu ficou desesperado, as brigas públicas haviam sido proibidas pelo príncipe e estavam desrespeitando a lei e ele temia, por Mercuccio, que embora fosse primo do príncipe, poderia ser morto por Teobaldo e Teobaldo, independente de vencer ou não, se não morresse pela espada de Mercuccio, morreria por perturbar a paz e com certeza, seria enforcado. E sua amada? Como reagiria a isso? Sua cabeça estava a mil, ele precisava fazer algo; impedir aquela briga, antes que chegasse ao conhecimento de Escalo.
Cavalheiros, que opróbrio! Evitai isto! Me ajude a desarmá-los, Benvólio! Oh, Mercuccio! Teobaldo! O príncipe proibiu expressamente essas brigas nas ruas de Verona! — gritava Romeu, mas sua voz era abafada pelos uivos alucinantes dos Capuletos, incitando-os a continuar o duelo.
Vamos Teobaldo! Mostra a este maricas, quem manda na cidade! — berrava um.
Não baixe a guarda! Vai! — incentivava outro. — Nossa! Ele também é bom!
De fato, por ser filho de importante militar da cidade, Mercuccio fora bem treinado nas armas e era tão bom quanto Teobaldo.
As pessoas que passavam na praça dispersaram-se desesperadas, algumas, correram à Igreja de São Zeno para avisar o bispo.
— O que está havendo? — assustou-se ele, ao ver tantas pessoas procurando-o ao mesmo tempo.
— Eles estão brigando de novo! — fala uma mulher com o filhinho de meses no colo. —Acude-nos! Vão destruir novamente a cidade!
— Por Deus!!! Eles ainda ousam desrespeitar a ordem do príncipe?!— irrita-se o bispo e mandou o capelão tocar os sinos sem cessar, para chamar a atenção do príncipe.
Os Montecchios, tomando ciência do que se passava, dirigiram-se à praça, de espada em punho e bateram-se com os Capuletos que insuflavam aquela luta, logo, o tumulto novamente estava formado e Romeu viu-se no meio daquele caos e sem poder fazer nada, tomou uma atitude extrema: meteu-se entre os dois combatentes e isto foi fatal para Mercuccio, que ao percebê-lo distraído, Teobaldo feriu-o covardemente, por baixo do braço de Romeu. Sua lâmina saiu suja de sangue e quando os Capuletos viram, pararam de combater e puxaram Teobaldo, fugindo às pressas. Os Montecchios começaram a comemorar, pensando que haviam vencido os rivais.
Isso mesmo! Fujam seus covardes malditos!!! Voltem pra infame casa capuleta!
Mercuccio repreendeu o amigo.
—Que fizeste? Romeu, seu louco! Poderias ter morrido!!!
— Eu tinha que separá-los!
Mercuccio cambaleia e sente pela primeira vez o ferimento, levando a mão ao abdômen.
— Mercuccio? — assusta-se Romeu ao vê-lo gemer.
Benvólio ampara-o, antes que ele caísse.
— Estás bem? Por Deus, fala homem! — exclama Benvólio.
— Leve-me para casa Benvólio, sinto que vou desmaiar... — pede ele ofegante.
— Que tens? — insiste ele.
— Eu fui ferido... — murmura a Benvólio.
O quê?!! — Romeu lança-se sobre ele. — Deixa eu ver!!!
NÃO! Estou bem, foi só um arranhão e nada mais —mente ele para despreocupá-los.
Os Montecchios ficaram apreensivos e também se aproximaram do amigo da família. Mercuccio tentou aprumar-se, porém, inutilmente. Romeu vê o sangue que começava a sujar, de forma abundante, a roupa do companheiro.
Mentiroso!!! Não estás nada bem! — reprova-o, amparando-o também. — Precisas de um cirurgião e urgente!
Mercuccio tonteia e sente as vistas escureceram, caindo em seguida.
Mercuccio!!! — grita Romeu, acomodando-o no chão. Os amigos Montecchios o cercaram.
—Minha vida se esvai... — desespera-se Mercuccio sentindo as forças lhe faltarem. —Maldição!!! Em breve estarei morto e ele partiu em triunfo! Teobaldo maldito!!!! Ai! Meu pajem! Chamem meu pajem, vou morrer...
— Homem, coragem! — fala Romeu com os olhos lacrimosos. — Não deve ser profundo!
Mercuccio abraça-o e fala ao ouvido dele, em tom cordial e benevolente.
— Por que vos meteste entre nós? Eu fui ferido por debaixo do teu braço, Romeu...
QUÊ?! E-eu estava bem intencionado... — gagueja ele. — Não queria que nenhum dos dois se ferisse...
Mercuccio não mais resistiu e tombou nos braços de Romeu, engasgando-se, e um filete de sangue começou a escorrer de sua boca.
Mercuccio, por Deus, não! Acorda! — chorava Romeu desesperado e sentindo-se culpado. — Amigo abra os olhos e olhe para mim!!!
Mercuccio com os olhos semicerrados, esforçou-se e olhou-o uma última vez e sorrindo-lhe amistoso, disse-lhe com a voz já fraca.
— Foste meu bom amigo, por longos anos... desde a infância... como um irmão! Não permitas que esqueçam de rezar, em sufrágio de minha alma, solenes Missas, pois parto carregado de meus pecados e sem absolvição...
Mercuccio ainda tentou levar a mão ao rosto de Romeu, mas antes disso, ela caiu sobre o peito e ele cerrou os olhos para nunca mais abri-los.
— Mercuccio?
O corpo dele relaxou, denunciando que a alma já o havia abandonado, juntamente com o sangue que manchava o solo da praça.
Mercuccio!!! — Romeu sacode-o com força. —Não Mercuccio... não morra! Não assim, por minha culpa!
Os sinos continuavam a tocar e finalmente, Escalo percebera que havia algo errado, pois eram quatro horas da tarde e os sinos já haviam tocado, por mais de três vezes. Páris estava com ele. Aproveitando a estadia na cidade, fora ver o tio.
— Ora essa! O que deu nestes sinos?! — comenta com o sobrinho.
— Realmente é estranho, meu tio! Já badalaram três horas por mais de vinte vezes!
Escalo deu um salto! Agora, compreendera o que se passava.
— Ah, não! Eles de novo!
— Eles?! — pergunta Páris.
— Os malditos Montecchios e Capuletos brigando outra vez! Por Cristo! Nem a pena-de-morte é capaz de amedrontá-los?!!! Giovanni!!!! Prepare meu cavalo e chame os guardas!
— Ei! Irei convosco, meu tio! — diz-lhe Páris, seguindo atrás dele.
Romeu ainda segurava o corpo inerte do amigo e continuava a chorar. Os sinos dobravam, dobravam... ele continuava a chamá-lo.
— É inútil, primo! Nosso bom amigo está morto... — chorava Benvólio, também inconsolável.
— Este fidalgo, próximo parente do príncipe, sincero amigo meu, por minha culpa, ferido de morte. Minha reputação está manchada com o insulto de Teobaldo...
Romeu olha, com ódio, para a rua por onde Teobaldo fugira.
— Esse Teobaldo, que meu parente foi durante uma hora...
Seus parentes não entenderam e muito menos Benvólio.
Romeu pega a espada de Mercuccio e brada.
VAI PARA O INFERNO BRANDURA RESPEITOSA!!! FÚRIA DE OLHAR DE FOGO SÊ MEU GUIA!!!!!!!
E parte atrás de Teobaldo para vingar Mercuccio, deixando os outros para trás.
ROMEEEEEEUUUUU!!!!!!!! — desespera-se Benvólio ao ver aquele surto inesperado de ódio do primo.
Os outros parentes ficaram também surpresos com a atitude dele, ele que sempre recusava-se a empunhar a espada contra qualquer um da casa capuleta.
— Ele não pode com Teobaldo! — fala um dos parentes de Romeu. — Precisamos dar-lhe cobertura, senão, Teobaldo dele fará pasto!
Senhor Romeu!!!! Amo! Voltai!!!!! — esgoelava-se Baltazar.
Romeu seguia adiantado e os gritos de seus parentes e amigos, tornavam-se camuflados e imperceptíveis, em meio à bruma de ódio e vingança que o envolvia. Só o que ele queria era achar Teobaldo, antes que o mesmo entrasse em casa e ficasse seguro.
Achou-o já subindo a ladeira estreita, que levava à casa de Julieta.
TEOBALDO!!!!! — chama ele. — Verme Capuleto! Estou respondendo ao teu desafio!!!!!!
Teobaldo assusta-se como os outros e se vira. Ele ficou perplexo ao ver que era Romeu.
— Que queres, covarde e ignóbil herdeiro Montecchio? — desdenha ele.
— Recebe de retorno o "vilão" que me deste não faz muito, pois a alma de Mercuccio ainda se encontra sobre nossas frontes, aguardando que a tua vá fazer-lhe companhia! — ameaça-o corajosamente e apontando a espada.
Teobaldo não conteve o riso.
— Pobre rapaz! Tu estavas sempre com ele, portanto, tu que irás para perto dele!
—Pois decidamos, porque um de nós dois terá de ir com ele!
Romeu avança e ataca Teobaldo. Ele desviou-se do golpe e sacou a espada.
— Ao vosso dispor, Montecchio!


continua...

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