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Pelo mundo

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato II: "o Casamento - parte 4"


Frei Lourenço e Romeu já se encontravam na igreja de São Pedro, aguardando pela noiva. Ele também estava ansioso.
Baltazar já havia saído, para aguardar por elas atrás da abadia, com a escada enrolada nas mãos. Não demora muito, chega Julieta e logo após, a ama.
— Onde está a escada?
— Aqui, senhora—fala Baltazar.
— Ótimo! Vamos! — chama Filippa.
Baltazar era bem moço, deveria ter uns 14 ou 15 anos. Apressaram-se para alcançar Julieta que já estava quase na cela de Frei Lourenço.
No simplório dormitório do frade só tinha uma cama de palha e uma mesa de cabeceira, onde sobre ela pousava vigilante a imagem de Jesus Crucificado ao lado de uma vela. O frade estava ajoelhado diante do Cristo e rogava aos céus que tudo corresse a contento.
— Que o céu sorria para este ato santo, sem que coisas tristes venham perturbar-nos.
— Amém — responde Romeu devotadamente. — Porém, que venham quantas tristezas vierem, que apagar não podem a troca de alegria que seu olhar num minuto me dá. Basta que as mãos nos junte com palavras consagradas, até que a morte venha separar-nos.
— Nervoso? — riu-se o bom religioso.
— Sim! Oh, será que ela de fato virá?
Ambos ouvem batidas ansiosas na porta. Frei Lourenço abriu e lá estava Julieta.
— Veja só! Eis a dama que chega!
— Julieta!
— Romeu!
Romeu corre para abraçá-la e ignorando a presença do frade, beija-a apaixonado. Frei Lourenço pigarreia, para fazê-los recordarem-se de onde estavam. Julieta sentiu-se corar e afastou-se de Romeu e meio desajeitada, ajoelha-se e beija a mão do frade.
— Para o meu santo confessor, bom dia.
—Filha, Romeu por nós vai responder-te...
— Ah, Julieta! — Romeu segura a sua mão. — Se cheia como a minha já estiver a medida de teu gozo... Oh, que ventura! Ventura que um do outro receberemos neste encontro feliz!
— Mais rico o sentimento em conteúdo do que com palavras, que sente-se orgulhoso com a própria essência, não com os ornamentos! Meu amor verdadeiro, a tal ponto tomou vulto, que a metade, sequer, não me é possível avaliar!
— Vamos! Vamos! Deixem de ladainhas e simplifiquemos o ato... Onde estão as testemunhas?
— Aqui! — responde a ama chegando e beijando-lhe as mãos, tomando-lhe a benção. Baltazar faz o mesmo.
— Ótimo! Aqui, sozinhos, não pretendo deixar-vos um momento, sem que a Igreja celebre o casamento!
Frei Lourenço conduziu-os ao interior da Igreja, esta estava fechada e podiam celebrar o casamento secreto, sem nada que atrapalhasse.
Romeu e Julieta ajoelharam-se diante do altar e Frei Lourenço pediu que as testemunhas se posicionassem atrás de seus respectivos noivos. Assim, Filippa ficou atrás de Julieta e Baltazar, atrás de Romeu. A ama começava a chorar, a emoção era muito forte para ela que vira sua menina nascer, alimentar-se em seus seios, crescer e agora, já moça, estava a se casar.
Frei Lourenço fez a saudação em latim e todos responderam o Amen. A cerimônia corria como de costume e chegara a hora dos juramentos. Frei Lourenço indagou-os em seu idioma pátrio:
— Romeu Montecchio, aceita Julieta Capuleto como sua legítima esposa, prometendo-lhe ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-a e respeitando-a todos os dias de suas vidas, até que a morte os separe?
— Aceito.
— E tu, Julieta? Aceitas Romeu Montecchio como teu legítimo esposo, prometendo-lhe, de igual modo, seres fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, amando-o e respeitando-o até que a morte vos separe?
— Sim — disse a menina às lágrimas.
— Então, eu vos declaro Marido e Mulher e o que Deus uniu, que nada e nem ninguém possa separar.
Frei Lourenço, voltando ao latim, rezou a ladainha de Nossa Senhora, antes de encerrar a cerimônia...
— Kyrie, eleison...
— Kyrie, eleison — todos repetiam as frases com fé e devoção.
— Chsiste, eleison
Kyrie, eleison
Christe, audi nos
Christe, exaudi nos
Pater de caelis Deus, miserere nobis
Fili, Redemptor, mundi, Deus
— Miserere nobis — respondem todos
Spiritus Sancte, Deus
— Miserere nobis
Sancta Trinitas, unus Deus
— Miserere nobis
Sancta Maria...
— Ora pro nobis — respondiam os ouvintes a cada invocação
Sancta Dei Genitrix
Sancta Virgo virginum
Mater Christi
Mater Divinae gratiae
Mater puríssima
Mater castissima
Mater inviolata
Mater intemerata
Mater amabilis
Mater admirabilis
Mater Boni consilii
Mater Creatoris
Mater Salvatoris
Mater prudentíssima
Virgo veneranda
Virgo praedicanda
Virgo potens
Virgo clemens
Virgo fidelis
Speculum justitiae
Sedes sapientiae
Causa nostrae laetitiae
Vas spirituale
Vas honorabile
Vas insigne devotionis
Rosa mystica
Turris Davidica
Turris ebúrnea
Domus áurea
Foederis arca
Janua caeli
Stella matutina
Salus infirmorum
Refugium peccatorum
Consolatrix afflictorum
Auxilium christianorum
Regina angelorum
Regina patriarcharum
Regina Apostolorum
Regina martyrum
Regina confessorum
Regina virginum
Regina sanctorum omnium
Regina sine labe originali concepta
Regina in caelum assumpta
Regina sacratissimi Rosarii
Regina pacis
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis, Domine
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, exaudi nos, Domine
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis
Ora pro nobis, Sancta Dei genitrix...
— Ut digni efficiamur promissionibus Christi — encerraram a prece.

— Sejam abençoados e fecundos, meus filhos. In nomine patris, et filii, et Spiritus Sancti, amen.
— Amen — responderam os noivos.
E finalmente, Romeu e Julieta viram-se, enfim, casados e seu contentamento era imenso. As testemunhas os abraçaram e por fim, Romeu deu um beijo respeitoso na testa de Julieta, selando o enlace.
continua...

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