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Pelo mundo

domingo, 25 de janeiro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato II: "o Casamento - parte 3"

Ilustração: Foto trabalhada filme de 1968
Romeu e Filippa continuaram a conversar de modo sério.
—Minha jovem senhora, mandou que eu vos procurasse, mas primeiro permita-me: se pretendes levá-la ao paraíso dos loucos, com falsas promessas de amor... — diz-lhe a ama apontando-lhe um dedo inquisidor.
— Ama, de modo algum! Eu amo Julieta!
— Se fizeres com ela jogo duplo, realmente será uma coisa muito má, para ser feita com uma nobre senhorita.
— Ama, recomenda-me a tua senhora. Juro-te...
— Oh, que lindeza!!! — interrompe ela. — Realmente vou dizer-lhe isso mesmo! Oh, senhor... Como ela vai ficar contente!
— Mas que dirás, ama, se nem ouves o que falo?!
—Oh, é mesmo... bem... dir-lhe-ei, senhor, que jurastes, o que me parece ser uma promessa de cavalheiro.
— Diga-lhe que procure pretexto de ir à cela de Frei Lourenço, na abadia de São Pedro, ainda esta tarde, onde há de confessar-se e casar!
— Oh! Não acredito? — ri a ama eufórica e batendo palmas. — És um perfeito cavalheiro, senhor! Honrado e mui polido! Minha menina finalmente irá casar-se e com quem de fato ama! Bem, ela estará lá!
— Venha também, para servir-lhe de testemunha!
— Sim! Mil vezes sim!
Ela ia se retirando.
— Ah, ama! Espera!
— Sim?!
— Dentro de uma hora, quando vieres com a senhorita Julieta, atrás do muro da abadia, irás ver meu criado com uma escada de cordas, que há de levar-me ao quarto dela, na calada da noite, para que a ela faça minha esposa, evitando assim, qualquer processo de anulação movido por nossas famílias. E depois, em momento propício, que lutarei para que seja breve, fugirei com ela.
—É verdade... As famílias, tomando ciência, podem de fato abrir o processo! Mas podemos confiar em vosso criado?
— Posso asseverar-te, cara senhora, que meu pajem é tão firme quanto o aço! Confio nele, como confiaria em mim mesmo.
De repente, uma nuvem de tristeza apodera-se da velha senhora.
— Levarás minha menina para muito longe de mim, privando-me de vê-la?! Ela é como uma filha para mim...
— Entendo... — fala o jovem — Bom, nesse caso, acho que não será problema, voltaremos para buscá-la ou venha conosco, senhora, se assim o desejares...
Oh! Deus seja louvado!!!!! Oh, meu senhor... — a ama quase ajoelhou-se aos pés do jovem , mas Romeu não permitiu, contentou-se a ama de Julieta, então, a beijar-lhe as mãos deixando-o sem jeito.
— Senhora, não, por favor...
— Oh, posso dizer que minha patroinha é uma menina muito gentil! — ela o abraça. — Oh! Senhor, senhor! Quando ela ainda era uma coisinha tagarela...
— Tenho certeza que sim, por isso encantei-me por ela!
— Na cidade há um nobre chamado Páris, que de bom grado, lançaria seu arpão para pegá-la. Mas aquele coraçãozinho prefere ver um sapo, um sapo de verdade, a olhar para ele! Às vezes a deixo irritada, ao dizer-lhe que não há moço tão bonito em toda Verona. E quando digo isso, ela fica logo pálida!!!
— Recomenda-me à tua senhora.
— Recomendarei.
— Toma —Romeu estende-lhe uma moedinha de muito valor.
— Ah, não, senhor! Nenhuma moeda! Fiz o que ela me pediu, por amor à minha filhota preciosa... Não posso aceitar...
— Por favor, cara ama aceite! Sei o quanto vos arriscastes para vir aqui.
Ela ainda reluta, contudo, por fim aceita.
— Que Deus do céu vos abençôe, obrigada!
— Adeus e conserva-te fiel, que eu saberei recompensar-te. Dá recomendações minhas à senhorita Julieta.
— Sim! Sim! Adeus!
A ama se despede e chama por Pedro, volta-se, e sai cantarolando feliz para a casa dos Capuleto.

Julieta estava impaciente, aguardando pela ama. E andava de um lado pro outro no quarto; outras vezes, ia até o balcão vigiar-lhe a chegada.
— Nove horas tinha soado, quando mandei a ama. Prometeu-me que voltaria dentro de meia hora. Talvez não o encontrasse... Oh, ela é coxa! Se dotada fosse ela de paixões e sangue moço, correria veloz como um cavalo; mas gente velha nunca chega ao porto; é chumbo escuro e lerdo, quase morto — reclamava Julieta quando ouviu vozes adentrando o portão.
— Se o encontrar outra vez, eu o demolirei, ainda que seja forte como um touro! Tipinhos desavergonhados! E tu? Como podes tu permitir que qualquer velhaco faça de mim o que bem entender? Criado incompetente! És pior que todos eles juntos!
— Nunca vi ninguém fazer de vós o que bem entendesse! Aliás, vosso leque foi melhor que minha espada!
Ora, cala-te!!!
— Oh, Deus! Ei-la afinal! — comemora Julieta. — Ama! Ama! E então, que novidades trouxeste?! Acaso o viste? Manda embora o teu criado...
— Pedro, deixe-nos.
O criado sai resmungando.
— Então, amazinha? Oh, céus! Por que estás triste? De quem falavas com tanto amargor? Se forem tristes tuas novidades, conta-as alegremente! Agora, se alegres as mesmas forem, não estragues com uma cara tão tétrica!
— Oh, que corrida!!! Deixai-me repousar por um momento! Como os ossos me doem, estou cansada... — fala a ama de propósito, para aumentar-lhe a expectativa.
— Quisera que tivesses os meus ossos e eu, tuas novidades. Vamos, peço-te boa ama, fala logo!
— Quanta pressa, Jesus! Não podereis esperar nada? — fala ela subindo as escadas. — Não notais que estou sem fôlego?
Como sem fôlego, se estás com fôlego o bastante, para me dizer que estás sem fôlego para falar? Tuas notícias são ruins ou boas?
A ama entra no quarto de Julieta e tira o véu e a deixa falando sozinha.
— Anda ama! Fala! Que te disse meu amor? Que disse Romeu? Responde-me logo isso!
— Credo! Quanto ardor! É falta de casamento, eu acho! Deixe-me beber um pouco d’água! Oh, que dor de cabeça! Como bate! Parece que vai estalar em vinte pedacinhos!
— Contrista-me saber que não estás bem. Mas, minha doce ama, que disse meu amor sobre o casamento?
— Vosso amor disse, como cavalheiro honesto e cortês, bondoso, belo...
— Sim... — os olhos de Julieta brilhavam.
— E posso assegurar-te: virtuoso... é... onde está vossa mãe?!
Como?! Onde está minha mãe? Está no quarto dela, ora! Onde deveria estar?! Oh, que resposta! “Vosso amor disse, qual cavalheiro honesto, onde está vossa mãe”?!!! Quantos rodeios!!! E Romeu, que disse?
— Vem cá!
A ama fez um sinal para ela, para que se sentasse ao lado dela na cama.
— Tens licença para confessar-se hoje à tarde? — pergunta a ama.
— Tenho.
— Não percamos tempo, então, e à cela correi de Frei Lourenço, onde um marido achareis, que vos fará mulher!
Julieta abraça-a feliz.
— Sim, minha pequena! Vosso eleito vos espera! Ora! — ri a ama. — Vos sobe ao rosto o sangue escarlate?! Anda! Correi à igreja, que já vos sigo para servir-lhe de testemunha.
— Oh, querida ama! Obrigada!
Julieta troca seu vestido por um de passeio, pega um véu e sai às pressas.



Continua...

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