Quem sou eu

Minha foto
Desejam falar comigo? *Escrevam seus comentários, que assim que puder, entrarei em contato. Eu não uso outlook.

Pelo mundo

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Capítulo 4


O caos apoderou-se da terra com a ausência do amor: os crimes haviam aumentado nos últimos dias, casais estavam se desfazendo por falta do principal sentimento que unem vidas, conspirações e guerras surgiam nos quatro cantos do mundo...
Zeus, ao ver o que estava acontecendo, convoca uma reunião extraordinária e reúne todos os deuses no Olimpo. Eros não compareceu.
— Afrodite, onde está vosso filho? Ele é uma peça fundamental nesta reunião; foi por causa dele que convoquei a todos.
— Meu filho encontra-se doente e ferido, grande Zeus. — justificou a deusa.
— É verdade, meu pai. — aproxima-se Apolo descendo de sua carruagem de fogo — Eu mesmo tratei de seu ferimento na noite passada.
Muitos deuses estavam chegando e acomodando-se sobre o monte, conhecido como o topo do mundo.
— É grave, Apolo? — pergunta Zeus preocupado.
— Grave não é, pai.
— Como? Se não é tão grave, por que ele não veio? O mundo está mergulhado em trevas; o amor abandonou o coração dos homens e Eros precisa espalhar-se novamente pelo mundo.
— Creio que a ferida no ombro não é tão preocupante, mas sim, a chaga de seu coração. — disse-lhes Atena entrando no recinto.
— Atena? O que sabes sobre isso?
— Eros é meu amigo, Zeus, e conversei com ele...
(Afrodite franze o cenho e encara Atena de forma reprovadora).
— É POR CULPA DELA QUE O MUNDO ESTÁ ASSIM. — acusa-lhe Atena, apontando o dedo para a sua rival.
— O QUÊ?! MINHA!!!? — defende-se a acusada — Ora sua “virgem mal-amada”! Como se atreve? Isto é uma calúnia.
— Sabes muito bem que é verdade, “desfrutável do Olimpo”! — retruca Atena à altura — Se Eros está infeliz e não consegue mais agir como antes, é culpa exclusivamente sua!
— Calem-se as duas! Atena, o que sabes sobre isso, minha filha?
— Eros se apaixonou, grande Zeus. Pela mortal Psique e Afrodite tanto fez, que conseguiu separá-los. — disse Atena ajoelhando-se de forma respeitosa.
— Ora! Eu só fiz cumprir a lei. Deuses não desposam mortais e ele, como deus, sabia muito bem disso. Eros conhece a lei, mas quebrou as normas e casou-se com ela. — defendeu-se a deusa.
— Por minha coroa! Se isso é verdade, Eros cometeu um grave erro! — exclama Zeus surpreso.
— E quem és tu para falar dele? — critica-lhe Hera, sua esposa — Espalhaste milhares de semi-deuses pelo mundo, deitando-se com mulheres tão mortais quanto ela.
—Ei! Calma aí! Eu nunca me casei com nenhuma delas... Ora bolas! Não sou eu que estou sendo julgado aqui, Hera!
(Começou, então, uma ferrenha discussão entre os deuses e eles se dividiram).
— Eros não teve culpa, pai! Ele se feriu com uma de suas flechas! — defendia-lhe Atena.
— Se foi assim, ele está perdido. — observa Apolo — Não há como reverter o encanto da flecha-do-amor. Uma vez atingido por ela, o amor cria raízes profundas. Eu que o diga! — encerrou o deus tocando em sua coroa de louros.
(Neste instante, chegou Hades com Perséfone e Cérbero, o cão dos infernos).
— HADES?! Que história é esta de vir em uma reunião dos deuses com este animal? — critica-lhe Zeus — Aqui não é lugar para um cão de três cabeças!
— Acontece que o Reino dos Mortos também está um caos e meu animal de estimação estava ficando muito nervoso! Achei que seria bom trazê-lo para livrá-lo do stress!
(Cérbero rosnava e babava alucinado, denunciando um grande nervosismo e encarava os deuses com um fogo no olhar. Somente a força de Hades era capaz de controlá-lo).
— Ei! Segura esse bicho! — disse Zeus temeroso.
— Eu quero realmente saber o que está acontecendo! As Parcas estão trabalhando freneticamente, o rio das almas está com super lotação e as regiões infernais, nem se fala! A cada segundo, são milhares de almas que chegam e estou sendo obrigado a pagar hora extra a Caronte! Só nos Campos Elíseos que ainda disponho de lugares e, daqui a pouco, terei que permitir que almas indignas entrem nele, pois o Inferno não vai suportar! — ameaçou o deus dos mortos.
— Isso nunca! Quer transformar o paraíso dos heróis num inferno? — assusta-se Zeus.
— E o que nos sugeres, então? — intromete-se Perséfone.
— Pois para mim, o mundo está um paraíso agora! Eu deixava tudo como está! — comenta Ares, o deus da guerra. — Adoro ver sangue! — seus olhos brilharam de satisfação.
— Por que não és tu que estás à frente do reino dos mortos, seu louco! — retruca-lhe Hades horrorizado.
(Gerou-se nova discussão: acabar ou não com as guerras. Zeus já não estava agüentando mais...)
— Eu não acredito! Toda esta confusão por causa de uma flecha? — dizia ele apertando a sua fronte — CALEM-SE TODOS!!! CHEGA!!!! — berrou ele tentando recobrar a calma.
(Eles se calaram ao som de sua voz autoritária e Zeus ergue-se do trono).
— Afrodite! Eu exijo a presença de Eros nesta reunião! Quero ouvir a sua versão desta história.
— Eu não sei se ele poderá vir...
Zeus não deixou ela terminar.
— Isto é uma ordem, Afrodite! Não ouses me desobedecer!
Afrodite não teve escolha e muito contrariada, trouxe Eros até a presença do deus supremo do Olimpo.
Eros ainda estava com o ombro enfaixado, mas o ferimento não era perturbador e sim, o seu estado: Eros estava muito abatido; seus olhos e as asas brancas e brilhantes, haviam perdido todo o fulgor de antes. Todos os deuses ficaram espantados...
— Eros, deus do amor... o que houve contigo? — apiedara-se Zeus — Perdeste completamente o brilho de tua aura divina!
(Eros não diz nada, abaixa o rosto e nega-se a encarar os deuses. Afrodite mantinha-se impassível; ela não parecia preocupada com o estado do filho).
— Eros, diga-nos: por que não evitaste o caos que abateu-se sobre o mundo?
— Eu não poderia, Zeus. — fala ele quase sem voz — Não depois de tudo o que houve. O meu poder vem da alegria de viver, só que... eu perdi a alegria. Estou fraco e ferido, e jamais desejei tanto a mortalidade como agora.
— Nossa... a coisa é mais séria do que pensei! — murmura o rei dos deuses — Ele está muito deprimido...
— Mas você precisa reagir! — interveio Ártemis. — A humanidade está se destruindo, a cada dia; Anteros está dominando o mundo... quando olhamos do Olimpo, só vemos o ódio a espalhar-se sobre a terra! E tu sabes muito bem, que ele é o teu lado negro e só tu poderás aprisioná-lo!
— Que me importa! — fala ele desanimado.
— Não te importas? — Atena ergue-se de ímpeto — Nem mesmo com tua Psique? Ela está vivendo no meio do caos e poderá morrer como os outros.
Eros estremeceu ao ouvir-lhe o nome e Afrodite percebeu.
— Mas será possível?! — replica a deusa do amor — Será que, sendo a deusa da sabedoria, não sois capaz de dizer algo mais sensato? Eros não se importa mais com ela...
(Atena encara-lhe com reprovação).
— Não é verdade, mãe! Tu sabes muito bem...
— Não interessa! Fizemos um acordo, Eros! Psique provou que não te amava de verdade. Ela preferiu confiar na irmã do que em ti!
— Acordo?! Que história é esta de acordo? — pergunta Zeus.
(Afrodite conta-lhe tudo).
Zeus viu-se de pés e mãos atados, porque num acordo entre mãe e filho, ele não poderia intervir.
(No castelo dos pais de Psique...)
— Psique? Psique, onde estás? — chamava sua mãe levando-lhe algo para comer, quando percebeu que a janela estava aberta e que uma corda feita com os lençóis da cama, pendia ao vento. Sobre a escrivaninha, a rainha encontrou uma carta de poucas linhas, onde ela dizia que tinha decidido sair para procurar o seu amor pelo mundo. — Ela fugiu. Fugiu em busca da felicidade que perdeu. Oh, filha! Que os deuses a protejam!
Os pensamentos da rainha foram interrompidos por um grito de horror e ela, ao reconhecer a voz do marido, desceu imediatamente à sala do trono. Ao chegar, ela viu o rei batendo em seu peito e lamentando a sorte de suas duas filhas mais velhas, que jaziam sem vida e mutiladas pela queda do precipício. A rainha não suportou a dor e gritou da mesma forma, agarrando-se à ambas e amaldiçoando céus e terras, pela desgraça que abateu-se sobre a família.
— Oh, deuses! O que fizemos para merecer tal castigo? — desesperaram-se os reis.
Enquanto isso, Psique caminhava errante pelo mundo: viu cidades serem destruídas, pessoas mutiladas e assassinos cruéis, que matavam sem piedade.
— O que está havendo com o mundo? O que aconteceu? Que caos é este?
Apavorada, procurou um caminho mais seguro entre as montanhas.
Aconteceu, então, que enquanto ela caminhava sobre o local, avistou de longe um templo. Deduziu, pois, que talvez fosse o templo de seu amado, onde vivera os dias mais felizes de sua vida e correu para lá com o coração palpitando de ansiedade. “Talvez tenha encontrado o templo onde morei com o amor. Pode ser que seja; em algum lugar ele deve existir...” — pensou cheia de esperança. Mas quando se aproximou, viu que não se tratava do mesmo templo. Ele tinha outra arquitetura, mesmo assim, Psique resolveu entrar para matar a curiosidade e percebeu que era um templo consagrado à Deméter, deusa da terra, uma vez que espalhados pelo chão viu muitos feixes de trigo e cevada, outros frutos da terra e alguns ancinhos e foices e demais instrumentos de ceifa. De certo, algum camponês devoto, ofereceu-os à deusa em agradecimento pela sua boa colheita; só que já deveria fazer muito tempo, pois tudo estava seco e os instrumentos enferrujados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário