Quem sou eu

Minha foto
Desejam falar comigo? *Escrevam seus comentários, que assim que puder, entrarei em contato. Eu não uso outlook.

Pelo mundo

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato V: "Sepultados no Amor"- parte 2"


Romeu aproximou-se dos dois corpos e o primeiro a ver foi o de Teobaldo. Ele contemplou-o por uns instantes e sentiu novamente o remorso a oprimir-lhe o coração.

— Teobaldo... agora jazes em um lençol de sangue. Oh, que maior favor fazer-te posso? Do que com esta mesma mão que a tua mocidade cortou, destruir, agora, a do que foi teu inimigo? Primo perdoa-me...

Romeu permite-se chorar um pouco por Teobaldo, antes de aproximar-se de Julieta.

— Ah, querida esposa... a insígnia da beleza em teus lábios e nas faces ainda está carmesim, não tendo feito progresso o pálido pendão da morte — emociona-se ao ver o corpo tão adorado, agora inerte. Leva a mão à face de Julieta e faz-lhe uma carícia. As lágrimas correm-lhe na face. — Ó, meu amor. Querida esposa. A morte que sugou todo o mel de teu hálito poder não teve sobre tua formosura. Oh, Julieta! Por que ainda és tão formosa?

Romeu desaba de vez e abraçando-a, enterra o rosto nos cabelos negros e sedosos. Soluços de lamento ecoam pela câmara deserta.

— Permitirei eu, que esse monstro magro e horrível, a que chamamos de morte, como amante nas trevas a conserve? — continua ele. —Não, meu amor... jamais... Com medo disso, ficarei contigo, sem nunca mais deixar os aposentos da tenebrosa noite; aqui desejo permanecer, com os vermes, teus serventes! — suspira ele contendo um pouco o choro. — Aqui sim, aqui mesmo, fixar quero meu repouso eterno.

Romeu leva a mão à pequena bolsa que trazia na cintura e retira o veneno. Contempla o líquido mortal por um instante.

— Vem, condutor amargo! Vem meu guia de gosto repugnante! Olhos... vede vossa esposa mais uma vez; será a última. Braços, permiti-vos um último abraço...

Romeu abraça Julieta.

— E lábios, que sois a porta do hálito, com um beijo legítimo selai este contrato.

Beija-a. O último e derradeiro beijo de despedida, antes de beber o veneno.

— Eis para meu amor...

Romeu bebe de um só gole e logo sente o líquido descer e queimar sua garganta. O gosto era horrível. Poucos instantes depois, já sofre os efeitos da peçonha. O corpo ficou trêmulo e o ar, começou a faltar-lhe e por fim, sentiu que perderia os sentidos. A Morte estava cada vez mais próxima.

— Ó, boticário veraz e honesto! Tua droga é rápida... Julieta...

Romeu beija-lhe as mãos e cai sobre a amada. O coração dele deu um salto e parou, seus olhos escureceram e sua vida o deixara.

Na mesma hora, Frei Lourenço chegava no cemitério. Vinha munido de lanterna, alavanca e uma pá.

— São Francisco me ajude! Quantas vezes esta noite, meus pés enfraquecidos tropeçaram em túmulos? — reclamava ele.

Oh, Frei Lourenço! — uma voz o chama.

O frade se assusta.

Ai Jesus!!! O que...

— Sou eu frei, Baltazar!

— Baltazar?! Oh, Deus do céu, não me assuste assim! Mas o que faz aqui?

— Vim com Romeu.

Romeu?! Mas como... — o frade se espanta

— Oh, Frei Lourenço! Que bom vê-lo! Convença o louco a sair de lá!

— De lá onde?

— Do túmulo dos Capuletos. Ficou tão desvairado com a morte da esposa, que temo que esteja disposto a fazer algo muito ruim.

Ai, não! Há quanto tempo ele está lá?

— Há cerca de meia hora.

Santo Deus! Já começo a sentir medo! Receio algum caso desastrado! Vem comigo até o túmulo.

— Não ouso, senhor! Ele soprou-me ameaças sem conta, caso o interrompesse! Ameaçou-me até de morte!

— Então irei só. Oh, Romeu, não faça nada precipitado!

Frei Lourenço entra no túmulo e depara-se com o primeiro corpo. Ao sentir que tropeçara em algo, aproxima a lanterna e descobre o Conde Páris assassinado, trespassado por uma espada.

Eu não acredito! É o Conde Páris!!!

O frade ficou sem ação, não esperava que o acontecimento fosse trazer desgraça de tamanha proporção.

Oh, dor! Romeu!!! — chama-o desesperado. — Você está aí, Romeu? É Frei Lourenço quem chama! Olá!!!

Frei Lourenço entra na câmara funesta e depara-se com Romeu debruçado sobre Julieta, como se chorasse...

— Oh, meu filho... que bom que...

O religioso engole as palavras; Romeu parecia imóvel demais para alguém que estivesse em prantos.

— Oh, não! Romeu fale comigo! — o frade se desespera.

Frei Lourenço tenta reanimá-lo, mas em vão.

Está morto!!!! Jesus, Maria e José! Julieta irá acordar a qualquer instante...

continua...

Nenhum comentário:

Postar um comentário