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Pelo mundo

domingo, 12 de julho de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato V:"Pacto Mortal-parte 1"


Julieta chega em casa e percebe que todos já estavam envolvidos com os preparativos de quinta-feira e o pai dela, era o mais animado de todos. Nem parecia que tinha acabado de sepultar um sobrinho, a morte de Teobaldo havia caído totalmente no esquecimento. Ele distribuía tarefas entre os criados...
— Convidai as pessoas desta lista. E tu, maroto aí!Vai contratar-me vinte hábeis cozinheiros.
Julieta morde os lábios e aperta o pequeno frasco guardado em seu regaço. Tentou passar despercebida, mas a mãe surpreendeu-a quando subia para o quarto.
—Ora! Até que enfim! Ela chegou, meu senhor! — avisa ao marido.
— Então, cabeçudinha? Onde estiveste saracoteando?!
— Onde aprendi, realmente, a arrepender-me do pecado grave de desobedecer às vossas ordens — disfarça ela. — Tendo-me, Frei Lourenço, esse santo homem, ordenado que viesse a vós prostrar-me para pedir-vos perdão. De hoje em diante, serás meu guia em tudo.
— Oh, abençoado frade! Mama mia! Enfim, ele colocou um pouco de juízo em vossa cabecinha. Ei! Aqui Pedro! Ide chamar o Conde; contai-lhe isso. Será firmado o enlace para quinta-feira!
— Não é necessário meu pai! Vi o Conde na cela de Frei Lourenço, tendo-lhe dado tudo o que é possível conceder dentro da área da modéstia, comuniquei-lhe o fato e já estamos acertados.
—Isso me alegra muito! Assim vai tudo bem! Deus louvado! Esse frade reverendo, toda a cidade o tem em grande estima.
— Vamos ama. Quero descansar um pouco. Posso meu pai?
— Mas claro! Descanse para que quinta esteja bela, como uma manhã de primavera.
Filippa sorriu e concordou. As duas subiram, enquanto os pais continuavam discutindo o patético acontecimento.
— Tudo sairá a contento, mulher, deixa estar. Ah, o coração por demais leve sinto, desde que esta menina criou juízo!
Aos poucos, as palavras foram se tornando sussurros distantes, até Julieta entrar em seu quarto. Aproveitando uma distração da Ama, escondeu muito bem o frasco.
— Oh, ovelhinha! Que bom que aceitaste bem! Valeu a pena esperar a tua confissão! Serás feliz com este segundo esposo! Rezei muito por isto!
—Ama, me ajude a separar as roupas que levarei comigo — desconversa ela.
—Ah, sim! Sim! Agora mesmo!
A ama abriu o armário e separou várias peças e vestidos. Alegre, ajudava-a a arrumar seus pertences, para a nova vida ao lado do Conde Páris. A Ama não parava de tagarelar, um minuto sequer. Julieta já estava cansada com aquela ladainha toda.
Enfim chegou a véspera do casamento e Julieta e sua Ama, providenciaram o belo vestido.
— Quero o vestido mais belo e as jóias mais preciosas... — comentava com a Ama. —“ Não para Páris...” — pensa a jovem. — “mas para o meu Romeu... Quero estar linda, quando partirmos à Mântua...”
Filippa mostrou-lhe vários vestidos que havia separado, cada um mais belo que o outro, até Julieta decidir-se por aquele que lhe pareceu o mais soberbo. Um vestido carmesim, ricamente bordado à mão.
No salão principal, Bettina não conseguia esconder sua preocupação.
— Estamos atrasados! Vão faltar provisões e é quase noite!
— Oh, diabos! Vou mexer-me e tudo será feito! Vá ajudar Julieta nos enfeites e deixe-me só; hoje, se preciso, nem vou deitar-me.
No quarto, a Ama de Julieta elogiava-lhe pelo bom gosto.
— Oh, minha bambina! Ficarás linda e vede, vede! Com esta mantilha, estarás ainda mais bela!
Julieta não sabia, ainda, como convencer sua Ama a deixá-la só naquela noite. Porém, o sucesso do plano de Frei Lourenço dependia disso.
— Sim, estas são as peças mais bonitas. Mas gentil Ama, deixa-me esta noite. Desejo ficar só, pois necessito de rezar muito, para que consiga fazer sorrir o Céu para mim, pois bem sabeis; tenho a alma atormentada e cheia de pecados.
— Mas...
A mãe de Julieta bate à porta e entra.
— Ocupada bastante, não? Necessitais de mim?
— Não, senhora. Já escolhemos o que nos pareceu necessário para a cerimônia de amanhã — fala-lhe a filha com doçura. — Só vos peço que levais minha Ama consigo, para que durma em vosso quarto, pois sei que vos achais assoberbada de ocupações para esta festa súbita.
— Sim, de fato, estamos muito atarefados. Ama, venha comigo, precisamos de seus serviços.
— Sim, minha senhora! Julieta, não durma muito tarde e feche bem as janelas! — recomendou-lhe a Ama.
— Eu ficarei bem, não se preocupe, Ama.
Julieta fica sozinha finalmente, só que ao mesmo tempo, além da alegria de ter uma chance de escapar daquilo tudo, invade-lhe uma imensa tristeza. Era a última vez que estivera com elas.
— Adeus minha mãe e minha Ama. Deus sabe quando nos veremos outra vez... — murmura ela.
continua...

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