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Pelo mundo

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato IV:"A resolução de Capuleto-parte 4"

FINALMENTE
foto: estátua de Julieta no jardim dos Capuletos. Diz a lenda que essa estátua de Julieta foi esculpida, por ordem do pai de Romeu, para enfeitar o túmulo e perpetuar a memória dos dois amantes infelizes.


Julieta não dormiu nenhum minuto naquela noite, matutando sobre o que faria para impedir tal casamento, embora procurasse fingir que dormia, para não acordar sua ama.
Na manhã seguinte, saiu com ela para falar com Frei Lourenço. Quando lá chegou, encontrou o conde a conversar com o religioso, provavelmente, já marcando a cerimônia. O frade estava pálido e fora pego de surpresa.
— Quinta–feira, senhor? O prazo é curto.
— Foi o senhor Capuleto que assim quis.
— Mas disseste que não sabeis nada ainda do que a donzela sobre isso resolveu. Esse caminho não o considero certo; não me agrada.
— Ela chora sem pausa a morte de Teobaldo. Por isso pouco falamos de amor. Vênus não sorri numa casa de lágrimas. Agora, senhor, ficai sabendo que o pai dela considera nocivo ela entregar-se desse modo à tristeza... Ah! Julieta! — exclama Páris ao vê-la e cumprimenta-a apaixonado.
Julieta chegara ofegante e ao ver Páris, sentiu o sangue ferver de ódio.
— Feliz encontro, minha esposa e dona!
—Assim será, senhor, quando esposa eu for.
— Será na quinta próxima.
— O que tiver de ser, será.
— Aqui vieste para vos confessar com este monge? — pergunta curioso.
— Dar-vos uma resposta, seria confessar-me convosco — retruca-lhe friamente e amargamente incomodada.
— Pobre alma! O rosto as lágrimas te ofendem! — disfarça ele.
— É vitória pequena para as lágrimas, pois antes já era feio.
— Mais o ofendeste agora, assim falando...
— Calúnia não foi, só disse a verdade.
— Teu rosto é meu; com isso o caluniaste.
Páris estende a mão para tocar-lhe a face, mas Julieta esquiva-se.
— Padre, tens tempo para confessar-me?
— Sim, minha filha! Senhor será preciso que nos deixeis sozinhos. E vós também ama.
— Deus não queira que eu possa perturbar a devoção! Julieta, quinta-feira bem cedinho, irei despertá-la.
Páris beija-a na testa e Julieta entra correndo na cela de Frei Lourenço. Filippa foi sentar-se em um dos bancos para rezar, enquanto Julieta se confessava. Na cela de Frei Lourenço, Julieta desabou e começou a chorar.
— Oh, Julieta! —fala o religioso de forma piedosa. —Já soube do teu infortúnio! Que desgraça!
— Oh, frei! — soluçava ela aos pés do frade. — Não há esperança, nem remédio e não há socorro algum que possa adiar isso!
— Ele ultrapassa de muito meu espírito e surpreso também estou.
Não me fales, padre! Porém, se algum meio não disseres de evitá-lo; se em toda a tua ciência não achares nenhum recurso! Ao menos chamai sábia a minha decisão, pois uma adaga me ensejará remédio pronto!
— Oh não, Julieta! Tenha calma! Não tome nenhuma atitude precipitada! Pára filha!
— O meu coração e o de Romeu, unidos foram por Deus, por intermédio de vossas santas mãos. Por tudo isso, com tua experiência, dá-me um conselho!
Frei Lourenço pensou, pensou e dirigiu-se à sua mesa de experimentos, de onde tirou, de um cesto de ervas, uma pequenina flor.
— Vislumbro uma esperança, mas a tal ponto desesperadora, como é desesperado o que queremos impedir que aconteça. Se energia tens suficiente para suicidar-te, faremos algo que suicídio lembre para afastar este opróbrio. Se ousares isto, arranjarei o meio.
— Sim! Mandai que eu me jogue de uma torre! Mandai-me entrar num túmulo recente para esconder-me! Sem a menor vacilação, sem medo, tudo farei, contanto que prossiga como esposa sem mancha de quem amo!
— Só um instantinho.
Frei Lourenço pegou aquela flor, triturou-a, misturou a pasta com outros líquidos estranhos, coou e virou num frasco pequeno. Enquanto fazia isso, ia passando certas coordenadas.
— Escuta, então: vai pra casa e mostra-te alegre e dize que disposta te achas a desposar o conde...
— Oh, não frei...
— Calma! quarta-feira é amanhã, então, à noite, deita-te cedo, antes que a ama suba ao quarto e toma este frasco — o frade estende-lhe o elixir. — Beba-o todo e assim que tomares a última gota, logo há de correr-te pelas veias humor frio, de efeito entorpecente, diminuindo as batidas de seu pulso, até parecer parado de todo e teu corpo assumirá uma aparência de morte. Calor nenhum e nem hálito sua vida poderão atestar. Vinte e quatro horas permanecerás nesta aparência de semi-morte, para acordar deste doce sonho e vossa família, julgando-vos morta, a cobrirão com vossas mais ricas vestes e irão sepultar-vos. Nesse meio, Romeu saberá por intermédio de minha carta, sobre o nosso plano e virá para cá. Aguardaremos eu e ele, que despertes, conduzindo-te Romeu, na mesma noite para Mântua.
Oh, frei!!!! Frei! Não acredito! Romeu virá buscar-me!!! Oh, Dê-me! Dê-me, e verás se não tenho coragem! — grita animada.
— Toma. Esconda-o bem e parti logo. Conservai-vos nesta resolução, filha, tudo dará certo, acredite! Vou mandar prestes à Mântua, um portador com uma carta de minha parte para teu marido.
TRIUNFE O AMOR!!!!! — exclama ela, segurando firme o frasco. — Eis tudo resolvido! Adeus, meu caro padre!
Julieta despede-se feliz e sai.
— Deus vos abençoe, querida — suspira ele.
— Nossa! Como demoraste?! — comenta a ama irritada. — Quase rezei um rosário! Tinha tanto pecado assim?
— Vamos logo, estou com pressa — fala Julieta não entrando em detalhes.


continua...

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