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Pelo mundo

domingo, 11 de janeiro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Segundo Ato: "Juras de amor - parte 3"

* fragmento de uma HQ de Romeu e Julieta, feita por mim.
— Oh, meu gentil Romeu! Se me amas, proclama-o com sinceridade... — fala emocionada.
Romeu, por um impulso apaixonado, sobe apressado pela corbelha, com o coração aos saltos. Ele queria abraçá-la, beijá-la outra vez. Aliviar o calor que subiu-lhe ao peito, contudo, não acostumada a esses rompantes, Julieta se assusta e afasta-se dele.
— Se pensas acaso, que foi fácil minha conquista, vou tornar-me ríspida e desprezar tua côrte!
— Por Deus, bela menina, não pense que...
— Belo Montecchio, é certo! Estou perdida e louca de amor, daí poder pensares que meu comportamento é assaz leviano. Mas podeis crer-me, cavalheiro, que hei de mais fiel mostrar-me, do que quantas têm astúcia para serem castas!
Julieta debruça-se na sacada e ri de forma tímida, ajeitando o cabelo.
— Poderia ter sido mais prudente, se não fosse teres ouvido, sem que eu percebesse minha veraz paixão, sendo assim... perdoa-me! Não imputes à leviandade, meus sentimentos, tão facilmente descobertos pela noite escura.
Romeu meneia a cabeça, negativamente, apontando para a lua.
— Senhora, juro por esta santa lua que...
— NÃO! Não jures pela lua, essa inconstante esfera, que todos os meses altera seu contorno circular, para que teu amor não pareça assim mutável.
— Pelo que devo jurar, então?
— Não jures nada, ou se o quiseres, jurai por ti mesmo, que é o objeto de minha idolatria. Assim te creio.
— Eu juro! O amor do meu coração é sincero! Oh, Julieta...
Romeu a abraça e beija-a com ardor; Julieta corresponde com a mesma intensidade.
Enquanto se beijavam, ela murmurava feliz...
— Minha bondade é como o mar, sem fim, e meu amor, tão profundo quanto ele! Posso dar-te sem medida, porque muito mais me sobra, pois ambos são infinitos!
O desejo anuviou-lhes o pensamento e apaixonados, entregavam-se àquele turbilhão de sentimentos, até que Julieta voltara a si e repeliu-o.
— Pára! Não me alegra a aliança desta noite.
— Como? O que foi?
— Precipitada foi por demais! Súbita! Tal qual o relâmpago que deixa de existir, antes que dizer possamos: Ei-lo! Brilhou! Adeus querido! Adeus! Sê fiel doce Montecchio e que o hálito do verão amadureça este botão de amor!
— Espera! Vais deixar-me sair mal satisfeito?
— Que alegria querias esta noite?
— Trocar contigo o voto fiel de amor.
— Antes de me pedires, já era teu, mas desejava ter de dá-lo ainda... — fala ela pegando a mão dele e beijando-a. — Não posso dá-lo agora...
— Desejas retirá-lo?! Com que intuito, querido amor? — murmura ele decepcionado.
— Para que mais generosa e em ocasião mais propícia, novamente te ofertasse.
— Em nossas bodas?! — insinua ele. — Desejo que sejas minha esposa...
Julieta surpreende-se...
Ela toca no rosto ansioso dele; os olhos de Romeu cintilavam como estrelas.
A ama a chama, com voz sonolenta.
Julieta, onde estás?
Já vou ama! Adeus amor! Adeus! Estou sem sono!
Deitai que o sono vem, querida ovelhinha!
Ela sente os passos da ama.
— Romeu, esconda-te depressa.
Ele desce afoito e esconde-se sob a sacada, procurando conter sua respiração ofegante. A ama abre a porta.
— Algum problema, querida?
— Não ama! É que a noite está tão linda!
— Sim, mas já são 4 horas da manhã.
— Eu vou logo ama, prometo! Deixai-me apenas mais uns minutos aqui...
— Oh, está bem! Mas não se demore muito, podes resfriar-te — fala ela. — Ai que sono! — a ama boceja e entra. Julieta chama Romeu outra vez.
— Romeu, ainda estás aí?
— Sim.
Mais rápido do que poderia supor, Romeu já estava junto dela.
— Falaste sério sobre a proposta que fizeste?
— De todo o meu coração.
— Mas não vês que é impossível?
— Para o amor nada é impossível. Se desejamos ficar juntos para sempre, não temos escolha, minha amada... nossos pais jamais aceitarão nossas juras apaixonadas. Estão presos pelo ódio do sangue que corre em nossas veias... — ele faz uma pausa.
Julieta entristecera-se. Romeu tinha razão.
— Mas se nunca aceitarão como...
— Creia-me, querida Julieta. Por ti sou capaz de tudo. Não sou mercador, mas se te encontrasses tão longe quanto a praia mais extensa, que o mar longínquo banha, aventurar-me-ia para buscar tão preciosa mercancia.
Julieta lembrou-se de Páris naquele instante e estremecera. Sabia que seus pais faziam gosto em casá-la com ele, mas ela não o amava. Um pouco temerosa, fez a Romeu uma pergunta decisiva.
— Pretendes tomar-me como esposa, de verdade? Não compreendo como, se nossos pais alimentam tamanho ódio...
— Sim. Casemos às ocultas em ato bem simplório — fala o jovem sonhador. — Ninguém precisa saber!
continua...

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