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Pelo mundo

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Segundo Ato: "Juras de amor - parte 2"

pintura: Philip H. Calderon
A portinha delicada abriu-se, escoando a luz da lamparina e ele nota uma figura apoiar-se na mureta. Lá estava ela, a bela Capuleto. A virgem dos seus sonhos de amor.
— Oh, que luz radiante, escoa-se daquela janela! É Julieta! Oh,sim! Eis minha dama; o meu amor... — murmura encantado. — Ah, se ela soubesse disso! Vede com ela apóia o rosto à mão? Quem me dera ser tua luva, para poder tocar naquela face! Ela fala, contudo, não diz nada... que importa?! Com o olhar está falando... Duas estrelas, as mais formosas do firmamento, tendo tido qualquer ocupação, pediram aos olhos dela que brilhassem em suas esferas, até que elas voltassem. O que aconteceria se ficassem lá no alto, os olhos dela? Suas faces fulgentes varreriam as estrelas, como o dia faz com as trevas da noite, e seus olhos, tamanha luz no céu espalhariam, que os pássaros, despertos, cantariam...
Ai de mim! — suspira ela queixosa.
— Falou?Oh, fala de novo anjo brilhante! Por que tão inacessível aos vis mortais, aos pecadores como nós? Oh, emissário alado das alturas! Abençoa-me com o doce som de tua voz!
Oh, Romeu! Romeu! Por que tinhas que ser tu, Romeu?! — falava amargurada. — Querido Montecchio... renega o pai, despoja-te do nome, ou se não puderes, jura ao menos que amor me tens, que uma Capuleto deixarei de ser logo! Meu inimigo é apenas o teu nome e continuaria sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses — ela ri encabulada. — Que é Montecchio? Que há num simples nome? A flor a que chamamos de rosa, com outro nome teria igual perfume — fala sonhadora. — Assim Romeu, se não tivesses o nome de Romeu Montecchio, conservaria a mesma perfeição, que é dele sem título... — ela faz uma breve pausa. — Oh, meu querido Romeu! — exclama eufórica. — Risca teu nome e em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira!
Romeu não conseguiu mais ficar calado, depois de ouvir isso.
SIM! Aceito tua palavra! — grita ele. — DÁ-ME APENAS O NOME DE AMOR QUE SEREI REBATIZADO!
Julieta se assusta, não esperava por isso e com a surpresa, não reconhecera a voz.
DEUS MEU! QUEM ÉS TU, QUE ENCOBERTO PELA NOITE, ENTRAS EM MEUS SEGREDOS? — protesta a jovem envergonhada e revoltada.
— Por um nome, não sei como dizer-te quem eu seja. Meu nome, cara santa, me é tão odioso porque sou teu inimigo e se o tivesse escrito, diante de mim, eu o rasgaria!
“Santa?!...” — lembra Julieta, recordando-se da forma como Romeu a chamara na festa.
— Romeu? És tu, Romeu?
Julieta finalmente liga as frases soltas e o reconhece.
— Meus ouvidos ainda não beberam cem palavras de tua boca, mas reconheço o tom. És Romeu, o filho de Giuseppe Montecchio.
— Nem um nem outro, se ambos te desgostam.
— Dize-me por que vieste? Muito alto é o muro do jardim e difícil de escalar! Sendo o risco a própria morte, se acaso fores encontrado por um de meus parentes!
— As leste asas do amor me fizeram transpor estes muros, pois barreira alguma conseguirá deter do amor o curso — responde-lhe empolgado. — Sendo assim, teus parentes não poderiam desviar-me do propósito!
Shhh!!!!! Fala baixo! No caso de seres visto poderão matar-vos!
— Em teus olhos há maior perigo, do que em vinte punhais de teus parentes! Olha-me com doçura e serei imunizado contra o ódio dos teus!
— Por nada deste mundo, desejaria que foste visto aqui! Vá embora... não te arrisques!
— A capa tenho da noite para deles ocultar-me. Basta que me ames e eles que me vejam... não importa. Prefiro ter a vida arrancada pelo ódio deles, a ter morte longa faltando o teu amor!
Lágrimas de alegria vieram aos olhos de Julieta. Foi a jura mais bela, que alguém poderia ter feito à uma dama. Nem o dito Conde Páris, que se dizia tão apaixonado...
continua...

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