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Pelo mundo

domingo, 25 de janeiro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato II: "o Casamento - parte 2"

Ilustração: o casamento secreto.

Na praça de Verona, Benvólio e Mercuccio caminhavam e comentavam sobre a atitude estranha de Romeu na noite passada. Queriam entender o que havia se dado com ele.
— Onde meteu-se esse Romeu? — comentava Mercuccio. — Quero indagar-lhe algumas coisas! Passou a noite em casa, por ventura?
— Não na do pai, pois conversei com este. Meus tios, inclusive, estão muito preocupados... meu primo nunca dormira fora de casa...
— Oh! É esta Rosalina que o está deixando louco!
— Teobaldo, aquele tipo aparentado com o velho Capuleto, enviou uma carta à casa do pai dele.
— É um desafio, posso jurar. Será que o reconheceu ontem à noite?
Benvólio deu de ombros.
— Não sei. Mas se for, Romeu irá responder-lhe.
— Qualquer pessoa que saiba escrever, pode à uma carta responder. Deixai amigo, vou responder a este desafio...
— Não; Romeu irá mostrar ao autor da carta, como sabe desafiar, quando é desafiado — fala Benvólio orgulhoso.
— Romeu?! Hahahahahaha!!!!!
Mercuccio cai na gargalhada.
— Ei?! — chia Benvólio.
—Ele nem sabe segurar uma espada! Ah, pobre Romeu! Já está morto! Ele nunca será o homem apropriado para enfrentar Teobaldo!
— Ora! Quem é esse Teobaldo?
— Um duelista nato — retruca-lhe Mercuccio friamente.— Um cavalheiro de primeira linha, em todas as categorias da arte da esgrima.
Benvólio empalidece.
— Estás exagerando!
— Não. Não estou, infelizmente... eu o conheço bem, pois já o vi lutar. Verdadeiro carniceiro. Ah, o imortal “passado”! O “punto reverso”! O ponto “aí”! Todos os golpes incrivelmente dominados! Romeu não tem a menor chance... é melhor já encomendar os funerais, se de fato um desafio for, o que traz a tal messiva...
Benvólio engole em seco. Ele sabia que, por mais que se esforçasse, Romeu jamais derrotaria um duelista como esse, porque seu primo era pacífico demais e nunca foi de dedicar-se às artes da luta.
Não demora muito, Romeu encontra-os após combinar tudo com Frei Lourenço.
— Oi, amigos! — cumprimenta ele.
— Ah, aí está ele! Bom dia, senhor Romeu! — cumprimenta-o Mercuccio em tom debochado. —Esta noite, passaste-nos uma bela moeda falsa!
— Perdão, bom Mercuccio, mas que moeda falsa vos passei?
E ainda perguntas?! — explode Benvólio, esbravejando nervoso.
— Ei, primo! Calma!
Queres morrer?!!!!
As veias da face de Benvólio, saltavam aos olhos. Seu semblante, avermelhado de revolta.
— Perdão, primo! Mas tinha um negócio muito importante em mãos!
— Na casa de Capuleto? Ora, poupai-me!
— Corre em meu auxílio, Benvólio, que sinto o espírito desfalecer! — caçoa Mercuccio. — Vós, com assuntos importantes a tratar? Faz-me rir!
— Que horas são?
— São quase nove horas... — responde Benvólio. — E agora que tu me apareces?
— Ótimo! — comenta Romeu, esfregando as mãos satisfatoriamente. — Deu tempo...
Os dois amigos se entreolham curiosos.
— Tempo para quê? — pergunta o primo.
— Estou esperando uma pessoa.
— É mulher, só pode — cochicha Mercuccio, puxando Benvólio para junto de si. — Será a tal Rosalina?!
— Não! Rosalina não vive mais em Verona, foi para um convento em Roma!
— Se não é ela, será outra! Por isso o biltre passara a noite fora! Espero que seja linda, pelo menos!
— O que ambos estão cochichando?! — reclama Romeu observando-os. — Qual o problema?
Eles disfarçaram.
— Nós, cochichando?! Imagina! — desconversa Mercuccio.
Nessa hora, a ama de Julieta aparece na praça, acompanhada do seu criado Pedro. Chega perto dos rapazes e cumprimenta-os, educada.
— Bom dia, senhores! — diz ela. — Sabem onde posso encontrar o jovem Romeu Montecchio?
Mercuccio e Benvólio ao virarem e vislumbrarem aquela velha com mais de 50 anos, erguem as sobrancelhas incrédulos e caem na gargalhada, depois da surpresa.
Ei! Parem! — critica Romeu, empurrando-os. — Que falta de respeito! Perdão senhora...
A ama não entende nada.
Uma velha!!!! — gargalhava Mercuccio. — Teu gosto já foi bem melhor, meu amigo! Huahahahahahaha!!!
Mercuccio ria de chorar e Benvólio acompanhava-o.
O quê?! — ofende-se a ama Filippa.
— Não é o que estão pensando! — fala Romeu desesperado.
— Pedro, meu leque! — fala ela emburrando a cara e estufando o peito gordo.
— Oh, sim Pedrinho! — caçoava Mercuccio. — Para esconder o rosto, pois dos dois, o leque ainda é o mais passável!
— Ah é?! — diz a ama.
Aiiiiii!!!!!!! Ei! Sua louca! — grita Mercuccio.
A ama havia batido na cabeça dele, com o leque pesado de madeira.
Não tens bons modos?! Seu grosseiro! E tu também! — fala ela ameaçando Benvólio. — Quereis experimentar?!
Benvólio engole o riso no mesmo instante. Agora, foi a vez de Romeu gargalhar...
— Que espécie de homens sois? — pergunta a eles. — Vossos pais não vos ensinaram a ter respeito pelos mais velhos?!!!
— Homens, cara dama, que Deus fez para que eles próprios se estragassem... — comenta Romeu.
— Muito bem dito, meu rapaz! Então, onde posso encontrar o jovem Romeu Montecchio?
— Sou eu o dono deste nome, na falta de outro pior — brinca ele.
Romeu pega-lhe a mão e beija-a com respeito.
— Oh, mas que gentil-homem! Bem mais educado, do que outros que vejo por aqui... — comenta ela, estreitando os olhos e fuzilando os dois amigos de Romeu. — Por favor, senhor... Uma palavrinha, pois não tenho muito tempo.
Romeu faz sinal à ama para que se afastassem e pudessem conversar, num local mais reservado. Os dois amigos dele, começaram a especular.
— Deve ser convite para alguma ceia — deduz Benvólio.
— Uma alcoviteira, isso sim! Uma alcoviteira! — insiste Mercuccio.
— Será?! — pergunta Benvólio.
— Podes crer-me!
Mercuccio se aproxima para tentar ouvir algo, porém, Romeu percebe.
— Perdeu alguma coisa, aqui? — fala ele entre-dentes. — Queira nos dar licença, por obséquio?
— Eu?! Não! Não! Er... — pigarreia ele. — Romeu, não ides à casa de vosso pai? Vamos passar a tarde lá e jantar... — disfarça ele, ou pelo menos tenta...
— Já vos sigo. Agora Mercuccio, por favor...
Eles saem ainda meio desconfiados.
Continua...

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