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Pelo mundo

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Romeu e Julieta (em prosa e versos) - Ato II: "o Casamento - parte1"

Foto: Igreja de Santa Anastasia em Verona
Frei Lourenço já se encontrava em sua horta, desde às 5:30 da manhã, após rezar as matinas com seus irmãos do convento. Estava distraído a examinar algumas flores e ouve alguém chamá-lo.

Frei Lourenço!
— Pela Virgem! Quem me chama assim tão cedo? Romeu?!
— Bom dia, meu padre.
— Ora vejam! Esta hora matutina me assegura, que algo escondes de grave na postura! Que será, por Deus?! Posso dizer, se acaso em erro estou, que esta noite Romeu não se deitou!
— Sim, mas foi doce o meu repouso!
— Ah, Deus te perdoe! Com Rosalina?!
— Não, bom frade! Que pergunta! O que pensas que sou? Já esqueci este nome e a dor adjunta!
Frei Lourenço dá uns tapinhas no rosto dele demonstrando imensa satisfação.
— És, meu bom filho! E, então? Onde estiveste?
— Vou te contar, pois permissão me deste. Fui à casa do rico Capuleto, onde ferido fui para castigo, por quem feri também. Nosso remédio só poderá vir, por intermédio do teu auxílio. Santo homem, não agraves minha sina, porque este meu pedido, observa-o bem, à minha inimiga amparará também!
Frei Lourenço não consegue entender.
— Sê mais claro, meu filho! A confissão por enigmas, não chega à absolvição! — reclama o frade.
— Ouve então, se me tens algum afeto! Amo a filha do rico Capuleto. Meu coração é dela e o dela é meu...
Como?! — assusta-se Frei Lourenço.
— Tudo está combinado, no apogeu do amor estamos só faltando, agora, que nos designes o lugar e a hora para o sagrado enlace.
Por São Francisco! Ai, Jesus, Maria, José! Quantas lágrimas salgadas, derramadas, só pelo amor de Rosalina! Que mudança é essa?
— Frei Lourenço é verdade!
Queres enlouquecer-me?! O coração, no amor dos moços, nada influi, senão somente os olhos! Tanta amargura jogada fora, por um amor, que ele não sente agora!
Censuravas o amor à Rosalina! — lembra-lhe Romeu.
— Não o amor, mas o exagero que se finda.
— Disseste-me para que o enterrasse...
— Não em cova, para aqui fora achar paixão mais nova. Aconselhava-o a livrar-se aos poucos!
— Também me disseste que, se ela me amasse, não se negaria a casar-nos.
— Ora bolas! Não estou me negando a nada. Apenas acho que é outra paixão exagerada.
— Não me censures. Se não puder contar convosco, com quem contarei? E minha amada, na afeição não me fica a dever nada. Julieta também me ama, Frei Lourenço...
Frei Lourenço pára de esbravejar e encara-o nos olhos.
— Isso é verdade? Não estás a fantasiar?
— Sim, Frei Lourenço! Apaixonei-me por Julieta Capuleto e ela por mim!
— E sobre o fato das famílias...
— A dama me disse que, se for preciso, comigo fugiria, para vivermos a liberdade do nosso amor.
— E você?
— Da mesma forma.
— Ambos podem ser deserdados, por tal afronta, já pensaram nisso?
— Não importa. Começaremos uma vida nova, sem esta maldição de nossas famílias.
— Estão dispostos a renunciarem à herança de suas famílias? — admira-se o frade.
— Se for preciso, sim! Mil vezes sim!
Materdei! A coisa é séria!
— Sim, frei. E se te recusares a casar-nos, procuraremos quem o faça. Nem que seja o príncipe Escalo, a maior autoridade de Verona...
Que absurdo é esse?! Ele não tem o poder de Deus para isso! Ora, está bem! Convenceste-me rapaz! Vem, vem comigo, que neste lance me terás contigo, pois é possível que tão bela aliança, faça parar este ódio que não cansa!
— Vamos logo, pois não vejo a hora! Estou com pressa! — fala Romeu eufórico.
— Prudência! Quem mais corre mais tropeça! Devem arranjar duas testemunhas, para que o casamento seja válido e não possa ser anulado.
— Mas quem? Não quero que muitos saibam... Ai!
Frei Lourenço deu-lhe um cascudo.
— Alguém de vossa total confiança, ora essa! Alguém que seja neutro e guarde o nosso segredo.
— Meu criado Baltazar?
— Sim, perfeito! Ele lhe deve obediência e nada falará se ordenares. E Julieta? Tem alguém?
— Ela me disse que sua ama é confiável.
— Ótimo, falai com ela, para que converse com a ama.



Continua...

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