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Pelo mundo

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Romeu e Julieta (em prosa e versos)-primeiro Ato "O Baile" - 4

foto: cena do filme de Franco Zefirelli. O 1ºbeijo dos amantes
Durante toda a dança que se seguiu, Romeu acompanhava a jovem Julieta a dançar. Ela, percebendo-se observada, olhou para ele e vendo-lhe os olhos insistentes, acabou lhe sorrindo involuntariamente. Romeu faz-lhe uma sutil reverência, pendendo a cabeça de forma respeitosa. Julieta passou, então, a intrigada, acompanhar o misterioso homem, trocando com ele olhares.
Uma de suas primas percebera e, quando teve uma oportunidade, chamou Julieta para dançar com ela.
— Olha, prima Julieta! Aquele homem não tira os olhos de ti! Será que ele é bonito? — Margarita solta um risinho sugestivo. — Com máscara não dá para saber!
— Por que será que ele está usando máscara?
— Vai ver ele é tímido. Falta-lhe coragem de fazer juras de amor de rosto limpo. Pra ser franca! Na minha opinião, esses são os melhores! — riu-se Margarita de novo. — São misteriosos e românticos! Ai! Deveis descobrir quem ele é!
— Não sei como, Margarita. Só de pensar em me aproximar dele, sinto vacilar o pé...
— E não deveis fazer isso! Deixai que ele de ti se aproxime! Se de fato estiver enamorado, não se amofine! Pretextos ele há de achar, para até o fim da festa, contigo conseguir falar. Venha! Continuemos a dançar!
Tal como sua prima havia dito, não tardara que ele se acercasse de Julieta e a convidasse para uma dança. Julieta sentiu-se corar por completo e desejou do fundo do seu coração, que também estivesse de máscara; não muito tempo depois, ambos já faziam par e arriscavam os primeiros passos.
Ela mergulhou no fundo daqueles olhos, tentando desvendar-lhe o íntimo de sua alma, mas ela só pôde perceber, que o mascarado tinha os olhos lindos, em tom de mel, e prometiam doçuras inefáveis. Gostaria de provar? Por certo o seu coração juvenil dissera que sim. Confusa, Julieta afasta-se dele, com a desculpa de que estava com sede e precisava beber alguma coisa. Dirige-se à mesa, meio trôpega e toma uma taça nas mãos.
Uma música suave cortou o ar e as mulheres da casa exultaram:
— Giácomo, da animada trupe de músicos de Mercuccio, irá cantar! — falava uma das moças.
— Ouvi dizer que ele tem uma bela voz! — comenta outra.
Todos se acomodaram da maneira mais agradável para ouvi-lo. O dito menestrel, famoso por suas artes, sentou-se no meio do salão e dedilhava uma música de sua autoria, na sua doce lira! Os convivas aproveitaram o momento, para descansarem e se alimentarem.
Julieta ainda se encontrava junto da mesa e enquanto se mantinha absorta, ouvindo a linda canção, nem percebera que Romeu estava junto dela e puxou-lhe a mão.
Ela deu um grito de surpresa, fazendo com que um parente seu olhasse para ela com reprovação. Julieta sorriu-lhe sem graça e, então, sentiu um sussurrar ao seu ouvido, enquanto Romeu mantinha sua mão presa a dela.
— Se minha mão profana o relicário, em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará com sobra reverência.
Romeu tira a máscara e beija a delicada mão. Julieta estremece ao sentir o toque morno daqueles lábios e vira-se pra ele. Lá estava ele; o misterioso mascarado revelara, enfim, o seu rosto. Ela ficou estupefata ao contemplar-lhe a beleza: cabelos dourados e ondulados como os de um querubim; olhos castanho-claros e brilhantes, que por um capricho da natureza, quase se fizeram verdes, pois em redor da pupila, via-se uns raios esverdeados; Ele parecia um anjo, daqueles que Julieta via retratados nas pinturas das “Madonnas”. Um querubim caído do céu, para iluminar-lhe a existência.
Ela retomou desesperada o diálogo, para se certificar de que aquilo não era uma aparição e em poucos segundos, desvanecesse no ar.
— Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Esse é o beijo mais santo e conveniente.
— Os santos e os beatos não têm boca? — brinca ele sorrindo.
O rapaz respondera! Para alívio de seu jovem coração, ele não era uma visão...
— Sim, peregrino, mas só para orações! — Julieta retribui a brincadeira.
Ele toca o rosto dela, com uma leve carícia. Julieta assusta-se, mas não conseguiu afastar-se, pareceu estar enfeitiçada...
—Deixai então, ò santa! Que esta boca mostre o caminho certo aos corações...
— Sem se mexer, o santo espera o voto.
— Então, fica quietinha: Em tua boca, limpar-me-ei dos meus pecados...
Ela fechou os olhos, enquanto Romeu erguia-lhe o rosto delicadamente, para em seus lábios pousar um beijo suave e respeitoso. Por uns instantes, Julieta não conseguia respirar; imóvel, ouvia apenas as batidas descompassadas do seu coração. Voltando a si, se afasta! Toca em sua boca e comenta sorrindo.
— Que passaram assim para os meus lábios...
— Pecados meus? Oh, não! Quero-os retornados! Devolve-me!
Romeu segura mais firme o rosto de Julieta e beija-a à francesa. Ambas as línguas se tocaram. A moça perdeu a noção de compostura. Por uns momentos, abraçou-o forte para que o seu anjo não fugisse dela e descartar qualquer possibilidade de ser apenas um sonho. A jovem, se perguntando por que não conseguia conter-se e ele, queria afogar-se cada vez mais em seus doces lábios. Ambos só voltaram à realidade, quando ouviram uma voz chamando. Era a ama Filippa atrás dela.
Julu!!! Onde estás bambina?!Romeu colocou a máscara correndo e escondeu-se. Julieta tentou ajeitar-se como pôde, para que a ama não desconfiasse de nada.
Ama! Estou aqui! — aparece ofegante, Romeu a deixara sem fôlego.
— Estás sem ar? O que houve? Estás passando mal?!
— Não ama! É só cansaço de tanto dançar!
— Teus pais reclamam vossa presença, para despedir-se dos convidados!
Enquanto Julieta se afastava às pressas, Filippa aproveita para pegar uns docinhos que ainda sobravam na mesa para comer. Romeu aparece de repente, e a assusta.
Virgem Santa! Mas que susto!!!! De onde saíste?!!!!— Perdão, senhora! Por obséquio! — disse-lhe.
— O que queres?
— Quem são os pais dela?
— De quem?
— Da senhorita que saíra há pouco daqui?
— Ora essa, cavalheiro! Os donos desta casa, certamente! Amamentei-lhe a filha, a senhorita pela qual indagas e te digo mais: quem vier a desposá-la ficará cheio de ouro, pois é uma boa menina e muito bem criada! Com licença...
Romeu sente o sangue gelar. “Ela é uma Capuleto?!” — pensa desesperado. —“ Oh, conta cara! Minha vida é dívida de hoje em diante no livro do inimigo!"
— Romeu! — chama-o Benvólio.
Ele se aproxima de Romeu vacilante, estava embriagado.
— Acabou a festa. Mercuccio está chamando para irmos embora.
Enquanto se retiravam, Julieta o vira.
— Ama! Quem é aquele cavalheiro que ora passa pela porta?
— O mascarado de roupa azul e preta, com capa e capuz?
— Ele mesmo.
—Não sei quem seja...
— Vá perguntar-lhe, então!
A ama obedece e volta pálida e desfigurada, fazendo o sinal da cruz sobre si, como se houvesse contemplado uma assombração.
Mama mia! Sinceridade foste batizada! Inacreditável!!!!
— O quê?! — pergunta Julieta.
Sangue de Cristo, valei-me!
Fala logo!
— Romeu é o nome dele! É um dos Montecchios, filho único do inimigo de vosso pai!
Julieta perde as cores e quase desfalece.
Eu não acredito! Deus meu! Como do amor a inimizade me arde! Nunca antes conhecido e muito tarde amado! Oh, como esse monstro o Amor brinca comigo; apaixonada ver-me do inimigo!
C-Como assim?! — gagueja a ama.
Julieta sobe as escadas às pressas chorando e assustando seus pais.
Ei! Julieta! Os convidados estão se retirando! — reclama o pai. — Deves fazer-lhes as cortesias da despedida! Julieta!!!— Meu senhor! Oh, meu senhor! Perdoe Julieta, pois ela não está bem! — pede-lhe a ama. — Sendo assim, poupai-a de tal tarefa!
Mas o que deu nessa menina? — indaga o pai confuso e olha para a esposa.
— Saudades de Páris?! — opinou Bettina.
continua...

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