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Pelo mundo

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Romeu e Julieta (em prosa e versos)-primeiro Ato "O Baile" - 2

foto: Estátua de Julieta no jardim dos Capuletos

Quando Romeu e os companheiros chegaram, a festa corria animada e a cada chegada de novos convidados, o Senhor Capuleto, acompanhado da esposa, vinha recebê-los à porta.
— Senhores, bem-vindos! As senhoras que não sofrerem no dedão de calos, hão de dançar convosco! — cumprimentava-os o anfitrião.
— Vamos agora — fala Mercuccio.
— O Capuleto está na porta... — hesita Romeu tentando dar meia-volta, no que Mercuccio puxou-o.
— Nada disso, meu bom rapaz! O que esperavas? Ele é o dono da casa e deve fazer as honras!
— Eu me arrependi de ter vindo!
— Agora é tarde, caro amigo! Esqueças quem sois e entre sorrindo!
Ora! Estou de máscara! — recrimina ele.
— Mais um motivo para não ter medo — Mercuccio empurra-o. — Olá, Senhor Capuleto? — cumprimenta-o Mercuccio, fazendo um meneio. — Mercuccio, vosso criado!
— Oh! Como vai, bom Mercuccio? Quem são esses?
— Meus companheiros de música.
— Ah, é mesmo! Esqueci-me de que adoras animar as festas! Isso é ótimo, porque meus músicos cansando, podeis assumir as serestas!
Romeu suava frio e, embora mascarado, seus pés vacilavam.
— Me parece que este rapaz não está bem...
— Ah, coitado! É um enjeitado pela família, o qual a minha dispôs-se a cuidar, pobrezinho! Ele é estrangeiro!
Romeu vira-se incrédulo para Mercuccio.
— É?! — pergunta Capuleto. — De onde?
— Da França! — mente Mercuccio.
— Adoro a França! Suas maneiras, seus costumes... De onde sois meu jovem? De que província francesa?
Romeu mordeu os lábios. Se ele falasse, Capuleto reconheceria-lhe a voz. A vontade dele era voar no pescoço do amigo.
— Imagina! Não vos contei?! — torna Mercuccio calmo. — Ele é mudo, não fala nada!
— Oh, mas que pena! — apieda-se a Senhora Capuleto.
Benvólio estava se segurando ao máximo, para não cair na gargalhada.
— Ele não fala nada mesmo? — pergunta Capuleto incrédulo.
— Nem um gemidinho...
Mercuccio pisa com força no pé de Romeu e ele sente uma dor terrível, mas não podia gritar, teve que segurar-se. Seus olhos lacrimejaram por trás da máscara.
— Viu?!
— Oh, que lástima! Coitado... Entrem. Sede aqui bem-vindos! Já se foi o tempo em que punha uma máscara e sabia cochichar algumas palavrinhas nuns ouvidos bonitos, mas a mocidade é fugaz... tudo passa! Ide senhores!
Os amigos arrastaram Romeu para dentro.
— Por que fez aquilo? — pergunta a Mercuccio revoltado.
— Me vinguei! — ri Mercuccio.
Seu desgraçado! — xinga Romeu. — Eu te mato seu asno!
Mercuccio corre para o meio do salão, cheio de gente, antes que Romeu arrancasse-lhe o couro.
Enfim, todos os amigos misturaram-se aos convidados e Romeu retomou o seu intento. O pior já havia passado. Começou a procurar por Rosalina, porém, de fato não a vira junto da família. À festa ela não fora, mau sinal.
O Senhor Capuleto e sua senhora já haviam voltado para o salão e agora, conversavam com os pais de Rosalina. Sorrateiramente, Romeu se aproxima para ouvir o que comentavam.
— Então, é mesmo verdade, Benvenuta? Rosalina decidiu ser freira... — falava Bettina.
— Sim. Minha filha sempre foi uma santa, já era esperado que agisse desta maneira.
— Não estão decepcionados? — pergunta Capuleto.
— Nem um pouco, irmão Lorenzo! — disse-lhe Iacopo, o pai de Rosalina. — Sentimo-nos lisonjeados! É até melhor, menos um dote a ser pago!
— Quanto a mim, nem posso pensar em colocar minha filha no convento, senão, minha família termina; por isso, estou empenhado em arrumar-lhe bom casamento — fala Capuleto.
— E já tem alguém em mente, caro cunhado? — pergunta a mãe de Rosalina.
— Estamos pensando em casá-la com o Conde Páris — explica a mãe de Julieta. — Só que, por enquanto, nada foi arranjado até o momento presente.
— Nossa! Conde Páris é um bom-partido! — admira-se Benvenuta.
— Sim! Muito rico! Escolheste bem, Lorenzo! Agora, quanto ao fato de Rosalina estar no convento e com homem algum casar-se, tenho outros filhos, por isso, não devo preocupar-me.
— Isto é fato! — concorda Capuleto.
“Então era verdade... Ela de fato tornou-se casta...” — pensa Romeu decepcionado e afasta-se inconsolável. —“Benvólio não mentira...”
Romeu foi procurá-lo e por fim encontrou-o.
— Eu não disse? — fala ele.
— Sim, disseste primo meu. E eu cheguei a duvidar da tua palavra!
— É natural, primo. A decepção certas vezes nos bate à porta e por medo de sofrer, não abrimos para ela. Mas, caro Romeu, atente! Logo acharás uma linda donzela e esta, o fará esquecer-se de Rosalina e logo, estarás outra vez contente!
— A ferida está recém aberta, não sei se desejo aventurar-me nesta estrada tão cedo!
— Encontre nova paixão, não tenha medo! — incentivou-o Benvólio.
— Preciso de ar...
Romeu afasta-se e dirige-se para o jardim da casa e senta-se no chafariz. Ele queria chorar e estava por um triz, contudo, sentia-se envergonhado de fazê-lo, embora a máscara lhe favorecesse e pudesse vazar a tristeza sem temor, e martirizar-se pelo perdido amor.
No salão, Julieta já estava cansada de dançar e dar atenção a Páris. Queria afastar-se dele um pouco, ela não estava agüentando mais; seus pés doíam e seu pretendente era por demais esnobe. Por fim, conseguira uma boa desculpa e conseguiu fugir, escolhendo o jardim para esconder-se.
Casais estavam a conversar animadamente e pareciam apaixonados e absortos em si mesmos. Julieta não pode deixar de admirá-los; eles não se preocupavam com nada em redor, apenas contemplavam-se mutuamente. Ela suspirou profundamente, desejando um amor semelhante para si e algum tempo depois, reparou numa figura imóvel e solitária, sentada no chafariz. Era o único que estava sozinho.
“O que aquele homem só, faz no refúgio dos casais apaixonados?” — indaga-se. "— Bom, deve estar esperando alguém... de certo marcou algum encontro...”
Ela ia retirar-se, mas decidiu continuar a observá-lo; pelo menos era melhor ali, do que ao lado de Páris. Após um tempo bem longo, ela constatou que ninguém dele se acercara. Curiosa, resolveu aproximar-se e ouviu ele balbuciar palavras amarguradas.
—Ah, que aparência tens amor tão branda, mas na verdade, sois áspero e tirano!
Assim falava o jovem quando foi surpreendido por uma risada meiga e cristalina...
continua...

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